Alexandre Benalla, o ex-responsável pela segurança do Presidente francês, Emmanuel Macron, foi colocado em prisão preventiva esta terça-feira. Em causa está uma decisão dos juízes de instrução do caso pelo qual Benalla está a ser investigado, por suspeitas de “violência, usurpação de funções e posse ilegal de insígnias”, depois de o jornal Le Monde ter divulgado imagens no verão passado de Benalla a agredir manifestantes no 1º de maio, usando uma viseira da polícia.
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A decisão ocorre depois de os juízes considerarem ter havido uma violação das medidas de coação que lhe tinham sido impostas no âmbito dessa investigação. A 31 de janeiro, o site de investigação Mediapart publicou gravações de uma conversa entre Benalla e Vincent Crase, outro colaborador do partido de Macron e ex-agente da polícia. Os dois estavam proibidos de ter contacto desde 22 de julho, uma medida de coação aplicada pelo tribunal. O site entregou entretanto as gravações ao tribunal.
O Le Monde explica que o conteúdo da conversa “certamente pesou na decisão dos juízes”, já que podem ser interpretada “como um claro desejo de apagar provas”. Nela, Benalla e Crase discutem a investigação a que estão sujeitos. Crase afirma que gostaria de ir à sede do República Em Marcha! (partido de Macron), para retirar as suas coisas: “Eu tentaria ir lá hoje à noite, mas o problema é que há polícias lá à frente…”, diz. Já Benalla revela desconforto pela possibilidade de a Justiça investigar a sua relação com o oligarca russo Iskander Makhmudov e sugere eliminar os seus vínculos à empresa que os liga, a Mars, o que acabaria por ser feito semanas depois.
Benalla e Crase ficaram assim os dois detidos preventivamente por ordem do tribunal. A defesa do antigo responsável de segurança do Presidente, contudo, não reagiu bem à decisão: “Não há uma justificação para esta detenção”, afirmou a sua advogada Jacqueline Laffont, citada pela BFMTV. “Tudo isto é ridículo, a Justiça sob pressão não é uma boa Justiça.” Antes desta decisão, as defesas de Benalla e de Crase já tinham apresentado uma reclamação relativas às gravações, com uma queixa por “posse ilegal de dispositivos ou dispositivos técnicos que provavelmente permitiram que as intercetações fosse feitas”.
Esta quarta-feira, a comissão de inquérito do Senado francês responsável por investigar o caso do 1º de maio irá divulgar as suas conclusões sobre as ligações das autoridades públicas, como a polícia, ao incidente. O “caso Benalla” levou à apresentação da primeira moção de censura ao Governo de Emmanuel Macron em julho, pelos partidos de oposição.
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