A Federação Italiana de Futebol decidiu a expulsão imediata do Pro Piacenza da terceira liga italiana. O clube seguia no último lugar da Serie C, e tinha perdido contra o Cuneo por 20-0 na última jornada. O presidente da Federação Italiana, Gabriele Gravina, considerou o jogo “um insulto ao desporto”, mas não foi o mau resultado que justificou a expulsão do clube. O Pro Piacenza entrou em campo com jogadores não registados na Serie C, como avança o El Mundo, o que implica a desqualificação automática.

“Na última reunião da Federação decidimos que qualquer clube que não pagasse os ordenados devia ser impedido de competir”, avançou ainda o presidente da Serie C, Francesco Ghirelli, em declarações à Radio Rai. O plantel e a equipa técnica do Pro Piacenza estavam em greve por o clube não pagar os salários desde agosto de 2018, como avança o The Guardian.

Pro Piacenza. Dívidas, greves e um clube centenário com sete adolescentes em campo (e uma derrota por 20-0)

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Sem jogadores, a equipa não tinha competido nas quatro jornadas anteriores da Série C. Uma quinta derrota por não comparência implicaria a despromoção automática. Para o evitar o Pro Piacenza jogou contra o Cuneo com 7 jogadores, o número mínimo para começar um jogo de futebol. Seis dos jogadores vieram das equipas de formação do clube (tinham entre 16 e 19 anos), ficando o mais velho, Cirigliano, encarregue de ser simultaneamente o capitão e o treinador durante o jogo. O outro atleta em campo foi o massagista do Pro Piacenza, Picciarelli. Outro jovem da formação — que não pode jogar inicialmente por se ter esquecido do bilhete de identidade em casa — entrou na segunda parte, reforçando a equipa para 8 jogadores. O massagista sairia minutos depois por lesão. O Cuneo já ganhava por 17 golos.

A instabilidade financeira dos clubes da Serie C não é novidade

O Pro Pianceza deveria cerca de 500 mil euros aos seus funcionários. O clube, fundado em 1919, chegou pela primeira vez ao escalões profissionais do futebol italiano em 2014. Depois da derrota frente ao Cuneo, o presidente da Associação Italiana de Jogadores, Damiano Tommasi, acusou o clube de tentar “entrar no futebol profissional sem ter condições”, de acordo com a Rai Sport. Desde 2018, o Pro Piacenza é propriedade da empresa tecnológica Sèleco.

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As contas instáveis dos clubes italianos são um problema recorrente nos escalões profissionais mais baixos. Só este ano, quatro clubes desistiram da Serie C por falência: S.S. Fidelis Andria 1928, A.C. Mestre, A.C. Reggiana 1919 e L.R. Vicenza Virtus. Houve tantos problemas em organizar a Terceira Liga italiana que o início da competição foi adiado um mês pela Federação Italiana. No ano anterior tinham sido cinco equipas a falhar os requerimentos de estabilidade financeira: S.S. Maceratese, Mantova 1911 S.S.D, A.C. Riunite Messina 1947, Latina Calcio 1932 e Modena F.C.