Banco Montepio, a nova marca da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), foi apresentada esta quarta-feira em Lisboa por Carlos Tavares, presidente do conselho de administração do grupo e por Dulce Mota, a nova presidente da comissão-executiva. Desde que Carlos Tavares tomou posse, revelou o próprio, que tinha a “intenção” de alterar a marca comercial — um processo que demorou mais tempo do que o gestor esperava — para “promover a distinção” em relação à associação mutualista. Mas a ideia, garante Carlos Tavares, não é “cortar laços” com a associação liderada por Tomás Correia, até porque “esses laços não são suscetíveis de serem cortados”, afirma o presidente do Montepio, que diz não ter “nenhum reparo” a fazer sobre a relação com o acionista maioritário.
Além de apresentar a nova marca para o banco comercial, Carlos Tavares anunciou que até ao final do primeiro trimestre — até março — será lançado o Banco Empresas Montepio (BEM), um banco com licença bancária própria (herdada do Finibanco) que irá focar-se no serviço integrado a empresas com faturação superior a 20 milhões, um segmento onde Carlos Tavares quer apostar. “Hoje as empresas portuguesas precisam muito mais do que crédito, precisam de serviços, de aconselhamento, de capital e este BEM pretende preencher essa falha de mercado”, comentou Carlos Tavares.
Para as restantes empresas, com volume de negócios inferior a 20 milhões, a relação continuará a ser com as equipas comerciais do Banco Montepio mas alguns serviços que estas possam necessitar de outros serviços mais especializados, como relação com mercado de capitais, será feito através do BEM — um banco que vai ter, para já, 10 agências espalhadas pelo país, sobretudo em zonas com maior concentração de empresas. A sede será na Avenida de Berna, em Lisboa, numas instalações que eram do Finibanco.
A nova imagem do Banco Montepio já está disponível a partir desta quarta-feira nos canais digitais e estará em toda a rede até final de maio.
Apesar de mudar de imagem, Carlos Tavares rejeitou a ideia de que esta seja uma mudança para se autonomizar mais da gestão da Mutualista liderada por Tomás Correia, que voltou a vencer as últimas eleições para os órgãos sociais, em dezembro, embora com uma votação menor do que nas eleições anteriores — no contexto das suspeitas que recaem sobre Tomás Correia, entre processos contra-ordenacionais no Banco de Portugal e investigações pelo Ministério Público.
A intenção, embora seja “fazer melhor a distinção” entre as duas entidades, não é afastar o banco da mutualista, “pelo contrário”, garantiu Carlos Tavares. “O banco dificilmente podia ter um acionista melhor, porque todos os resultados que tivermos irão para fins sociais que são nobres, com uma ação social junto dos associados e além destes”, comentou o presidente do conselho de administração do Banco Montepio, garantindo que tem, também, “muito respeito e muita honra pelos 620 mil acionistas que o banco tem e que dependem da instituição, de uma forma ou de outra”.