Os ingleses da Jaguar Land Rover (JLR) atravessam uma crise tremenda, que até já colocou os indianos da Tata, os seus donos, em apertos financeiros. Os problemas são atribuídos à redução na procura de motores diesel, de que a JLR dependia em excesso, bem como na enorme quebra das vendas no mercado chinês. Mas sabe-se agora que o problema na China é, afinal, responsabilidade dos… chineses.

É um facto que, pela primeira vez em 28 anos, as vendas de veículos com motores de combustão caíram na China. Mas essa quebra não afectou o segmento premium, onde os veículos da JLR marcam presença. A prova é que marcas como a Audi, BMW, Lexus, Mercedes e Volvo continuam a crescer, enquanto a Jaguar e a Land Rover ‘tropeçaram’ 22%.

De acordo com um relatório recente, a queda das vendas no mercado chinês fica sobretudo a dever-se à percepção de falta de qualidade que se sente nos veículos das marcas do grupo britânico. Uma crítica que espanta face ao padrões que os mesmos veículos revelam no mercado europeu. E não é uma crítica recente, pois desde 2014 que os clientes locais começaram a queixar-se dos problemas apresentados pelos seus veículos, que só em 2017 motivaram 13 chamadas às oficinas, afectando mais de 106.000 unidades, ou seja, 70% dos modelos vendidos nesse mesmo ano naquele mercado asiático.

Para poder comercializar os seus veículos na China, a JLR (como qualquer outro fabricante estrangeiro) viu-se obrigada a produzir localmente, o que na altura exigia um parceiro local. A empresa britânica estabeleceu uma joint venture com a Chery, em 2014, para produzir naquele país o Range Rover Evoque, o Land Rover Discovery e os Jaguar E-Pace, XF e XE, estes últimos em versão longa. É a falta de qualidade desta linha de produção que tem gerado o descrédito dos veículos da JLR, o que levou mesmo a manifestações de clientes em frente à sede da empresa em Xangai, desde o passado mês de Agosto, numa tentativa de chamar a atenção para o problema, que entretanto tem prejudicado a reputação do fabricante e, por tabela, as vendas.

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