Pelo menos vinte e dois cidadãos belgas ainda beneficiam de uma pensão até 1300 euros, proveniente da vizinha Alemanha, pela colaboração com o regime nazi. A notícia, publicada pelo Le Monde, surge mais de 70 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Sob proposta do presidente do partido centrista Défi, os deputados belgas solicitaram às autoridades alemãs uma lista de todos os cidadãos belgas que beneficiam desta pensão, com o objetivo de a eliminar.

A pensão varia entre 400 e 1300 euros e destina-se aos antigos colaboradores de forças de segurança do regime nazi. O valor da pensão varia consoante o número de anos que os militares passaram presos em solo belga. O Governo alemão paga cerca de 50 euros por mês aos belgas que foram obrigados a trabalhar na Alemanha durante a segunda guerra, avança ainda o Le Monde.

Um decreto lei de Adolf Hitler, aprovado em 1941, garantiu a todos os colaboradores estrangeiros uma pensão vitalícia. Estes cidadãos eram vistos por Hitler como soldados alemães e a pensão serviria para recompensar a “lealdade e obediência” de todos os estrangeiros que colaboraram com o regime. Em 1998, pensão destinada a viúvas de vítimas de crimes de guerra foi removida, mas apenas afetou uma centena de ex-nazis.

Segundo o jornal francês, a embaixada alemã na Bélgica teria essa lista, mas os alemães recusaram cedê-la até agora. A divulgação desse documento pode revelar-se particularmente controversa no atual momento político. No dia 26 de maio, os cidadãos belgas são chamados às urnas para as eleições legislativas.

Dirk Van Der Maelen, deputado socialista flamenco, diz que “as pessoas que cometeram crimes de guerra não merecem” este tipo de regalias. Pelo contrário, outros funcionários da direita flamenga têm sido mais discretos, segundo o Le Monde, por medo de ressuscitar debates antigos sobre a colaboração da Bélgica com o regime nazi, que envolveriam cerca de 80 mil belgas. Os deputados belgas já requisitaram uma parceria entre Bélgica e Alemanha para esclarecer o caso.

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