A estátua que foi criada pelo escultor Seward Johnson em homenagem à famosa fotografia de um beijo foi vandalizada na segunda-feira, dia 18 de fevereiro, na cidade de Sarasota, estado da Florida, nos EUA. A inscrição na perna da mulher ocorreu um dia depois da morte de George Mendonsa, o marinheiro português que beijou uma enfermeira, Greta Zimmer Friedman, em Times Square e tornou a imagem de 1945 célebre ao longo destes anos.
Segundo o comunicado da Polícia de Sarasota, a perna esquerda da enfermeira foi pintada de vermelho com as palavras #MeToo. O autor pode nunca vir a ser descoberto, visto que a polícia não consegue localizar os vestígios de spray de graffiti — “nenhuma foi encontrada”, lê-se no comunicado. A investigação, por enquanto, não permite aos policias chegar a nenhuma conclusão, já que, não há testemunhas, nem registo de câmaras de vídeo-vigilância na área.
O gesto foi alvo de comentários e críticas na rede social Twitter, criando incertezas se o beijo do marinheiro à enfermeira de 1945 é um gesto carinhoso ou se é assédio sexual. Será que pertence ao movimento #MeToo? “O ato em si, pode ser vandalismo, mesmo assim o contexto da mensagem é absolutamente verdade. Aquele homem beijou-a sem consentimento. Digo que completa a estátua, na sua verdadeira forma de arte e deve ser comemorada”, escreve, por exemplo, Nico.
The act itself might be vandalism, still the context of the message is completely true. That guy kissed her without consent. I say it completes the statue, in true art form and should be conmemorated instead. https://t.co/2uP52qHOfZ
— Nico (@ZennerDM) February 21, 2019
A publicação do movimento Daughters of Liberty (“As filhas da liberdade”) discorda: “Não se pede respeito enquanto se mostra um comportamento desrespeitoso. Desfigurar uma estátua e vandalismo é crime. Isso só mostra a capacidade, e até onde as feministas e o movimento #metoo irão para provocar qualquer história. Chamar o herói da Segunda Guerra Mundial como um predador sexual é desrespeitoso e errado”.
You can't ask for respect while exhibiting disrespectful behavior. Defacing a statue and vandalism is a crime. This just shows the length the feminists and the #metoo movement will go to weaponize any story. Calling a WWII hero a sexual predator is disrespectful and wrong. pic.twitter.com/OA72SPOGHV
— Daughters of Liberty (@DOL_StrongWomen) February 20, 2019
Não é a primeira vez que surgem dúvidas sobre este assunto. Em 2005, Greta Zimmer Friedman deu uma entrevista ao Veteran’s History Project, onde relembrava a história afirmando que não tinha sido sua escolha ser beijada e que Mendonsa a “agarrou e beijou”. No entanto, Greta explica que era um dia muito feliz para todos, “porque todos tinham alguém na guerra e voltavam para casa”, e acrescenta que as mulheres estavam felizes, “foi um presente maravilhoso, finalmente acabar com essa guerra”. Greta continua a contar que o beijo foi um ato de comemoração, “foi um graças a Deus, a guerra acabou”
“O Beijo do Marinheiro”: imagem romântica ou assédio sexual?
No entanto, as pessoas continuavam a apontar o dedo e a criticar o gesto do marinheiro, que foi descrito como “assédio sexual pelos padrões modernos” por uma escritora no site Crates and Ribbons, recorda o The New York Times. Em 2016, após a morte de Greta, aos 92 anos, o filho da enfermeira, numa entrevista para o jornal The New York Times disse que a sua mãe entendia os argumentos de um possível assédio, mas que “não o via necessariamente dessa forma”.
A polícia estima que os danos causados na estátua são de cerca de mil euros, dado a “grande área que a pintura cobre e aos recursos necessários para repará-la.” No entanto, a tinta já foi retirada da estátua “Unconditional Surrender” (“Entrega Incondicional”), na manhã de terça-feira. Um vídeo publicado no Twitter divulga a equipa da cidade de Sarasota a remover a pintura vermelha.
Crews are pressure washing the statue to remove the red spray paint @FOX13News #sarasota pic.twitter.com/6Et7hxdd15
— Kim Kuizon FOX 13 (@kkuizon) February 19, 2019