Em 2018, o número de apreensões de telemóveis, drogas e armas brancas nas 49 prisões portuguesas caiu, mas ainda assim foram confiscados 1.934 telemóveis (o que dá uma média superior a cinco telemóveis por dia), mais de 10 quilos de haxixe e 54 armas brancas artesanais. O presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), Jorge Alves, refere ao jornal Público que há “cada vez mais” objetos proibidos dentro das prisões, mas que há “menos guardas e menos buscas devido às alterações dos horários de trabalho”. 

Se até 2011 o número de telemóveis apreendidos foi aumentando gradualmente, a tendência inverteu-se a partir daí e 2018 chegou a ser o ano com menos aparelhos confiscados nos últimos três anos: 1.934 telemóveis, menos 294 do que em 2017 e menos 160 do que em 2016. Há até um caso também noticiado pelo mesmo jornal que indica que pelo menos um router para acesso à internet já foi apreendido numa prisão portuguesa, neste caso no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

Com a polémica da transmissão em direto no Facebook de uma festa de aniversário na prisão de Paços de Ferreira, filmada por reclusos dentro da prisão, o tema do uso ilegal de telemóveis nas cadeias portuguesas voltou a ser discutido. Na semana passada, a Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais realizou uma rusga na Ala A do mesmo estabelecimento e apreendeu 79 telemóveis, tabaco e droga. A diretora do estabelecimento prisional, Maria Fernanda Monteiro Barbosa, acabou mesmo por se demitir.

Apreendidos droga, 79 telemóveis e tabaco na prisão onde houve a festa de aniversário transmitida no Facebook

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No que diz respeito às drogas, também a apreensão de haxixe diminuiu em 2018 nas cadeias portuguesas, passando de 10,4 quilos em 2017 para 10,2. No caso das apreensões de heroína e cocaína, as apreensões também verificaram uma descida no ano passado, ainda que ligeira: 242,74 gramas de heroína e 139,88 de cocaína.

Para Jorge Alves, esta diminuição não é surpreendente, tendo em conta que “toda a gente sabe que há cada vez mais material proibido dentro das cadeias. Mas também toda a gente sabe que há cada vez menos guardas de serviço e menos buscas”, disse ao Público, acrescentando que toda esta situação se deve “às alterações dos horários de trabalho dos guardas prisionais feitas em janeiro de 2018”.

Os dados a que o jornal teve acesso indicam também que houve uma diminuição no número de armas brancas confiscadas nas cadeias. 2018 foi, mais uma vez, o ano com os valores mais baixos dos últimos três anos: 54 armas em comparação com as 61 em 2016 e 73 em 2017.