A FIFA anunciou esta sexta-feira que o Chelsea será banido das próximas duas janelas de transferências devido a irregularidades na contratação de jogadores com menos de 18 anos. O castigo aplicado pelo organismo máximo do futebol mundial ao clube inglês estende-se então pelo próximo mercado de verão e ainda pelo mercado de inverno da próxima temporada: ou seja, até janeiro de 2020. Os blues só poderão voltar a contratar novos jogadores na janela de verão de 2020.

De acordo com o The Guardian, o castigo é o resultado de uma longa investigação ao clube e à forma como o Chelsea contratou jovens jogadores ao longo de vários anos. Depois de analisar detalhadamente o processo de chegada de mais de 100 jogadores, a FIFA concluiu que o clube de Roman Abramovich quebrou 29 vezes o Artigo 19.º dos regulamentos do organismo que controla o futebol a nível mundial, o mais importante no que toca ao registo de menores: a regra indica que, enquanto prática usual, um jogador não pode ser transferido internacionalmente se tiver menos de 18 anos. 

A FIFA aplicou ainda uma multa de 600 mil suíços francos, cerca de 530 mil euros, e deu 90 dias ao Chelsea para “regularizar a situação dos jogadores menores em causa”, o que pode envolver o regresso ao país de origem de alguns jogadores a viver atualmente na Academia londrina. Além do Chelsea, também a Football Association (o órgão que regula o futebol inglês) foi multada por quebrar regras relativas à contratação de menores e, de acordo com o comunicado da FIFA, vai beneficiar de “um período de seis meses para colmatar a situação das transferências internacionais e registo dos menores em causa”. A FA já revelou a intenção de recorrer do castigo, com base no facto de ter “cooperado integralmente”, e levantou algumas dúvidas sobre os processos disciplinares conduzidos pela FIFA.

Também o Chelsea tem o direito de recorrer: primeiro para a FIFA e depois, em caso de última instância, para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD). A demora no processo de recurso e a ausência de decisão final poderá adiar o castigo para depois do mercado de verão de 2019 e abrir espaço ao clube inglês para ainda realizar transferências no final da presente temporada. De recordar que o castigo está apenas relacionado com a chegada de jogadores e não com a ida, logo, Eden Hazard, Willian e companhia podem ainda deixar Stamford Bridge já no próximo verão.

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As leis da FIFA dizem que os clubes não podem contratar jogadores estrangeiros com menos de 18 anos: as únicas exceções envolvem os casos em que os pais do jogador emigraram por razões não relacionadas com o futebol ou ainda situações em que a distância entre clube e menor, mesmo com uma fronteira pelo meio, não seja superior a 50 quilómetros. O Artigo 19.º dos regulamentos do futebol internacional dita ainda que um jogador de 16 ou 17 anos pode transferir-se para um clube de outro país caso jogador e clube estejam localizados dentro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.

Durante a investigação, o Chelsea argumentou que a grande maioria dos 100 casos analisados dizem respeito a jogadores que se deslocaram até Londres para prestar provas de curto prazo — e que acabaram por não assinar contrato com o clube. Ainda assim, a FIFA concluiu que o clube inglês infringiu as regras em larga escala e repetiu um castigo que já foi aplicado em anos anteriores ao Barcelona, ao Real Madrid e ao Atl. Madrid (ainda que os merengues só tenham ficado impedidos de contratar durante uma janela depois de um recurso bem sucedido para o TAD).

A notícia surge numa altura em que o Chelsea atravessa um período complicado no que toca a resultados (apesar de ter carimbado esta quinta-feira a passagem aos oitavos da Liga Europa). A final da Taça da Liga, este domingo contra o Manchester City, será provavelmente o jogo decisivo que determinará a manutenção ou não do italiano Maurizio Sarri no comando técnico dos blues.

O “Sarriball” que o Chelsea (e Abramovich) queria está em crise e pode ter o tempo contado