O caso está longe de ser inédito, basta olhar para Glenn Close que, aos 71 anos e com seis nomeações para os Óscares (sem contar com a deste ano), nunca pôs as mãos na estatueta dourada mais cobiçada da indústria. Pelo menos, Bradley Cooper, com 44 anos, ainda só vai na quarta nomeação. A primeira veio em 2013, ano em que o ator, natural de Filadélfia, estado da Pensilvânia, se tornou relevante e, logo, elegível para galardões deste gabarito. O passaporte foi o filme “Guia Para um Final Feliz”, de David O. Russell. Entregar-lhe o Óscar de Melhor Ator nunca foi uma hipótese — Daniel Day-Lewis estava na corrida, depois de ter vestido a pele de Abraham Lincoln.

Não é um Óscar, mas também tem a sua beleza. No início do ano, Bradley Cooper ganhou o prémio de melhor realizador, durante a The National Board of Review Annual Awards Gala. Já é alguma coisa © Jamie McCarthy/Getty Images for National Board of Review

Como dissemos, não havia hipótese, se bem que chegar à lista de nomeados com um percurso à base de comédias (das românticas e das outras) e séries de televisão foi uma conquista q.b. para o ator que fez a sua primeira aparição em 1999, num episódio da segunda temporada de “O Sexo e a Cidade”. É isso mesmo. Com 24 anos, Cooper foi Jake, um rapaz atiradiço que tentou a sua sorte com Carrie Bradshaw, personagem de Sarah Jessica Parker. O desenlace foi tão mal sucedido quanto irrelevante para o curso da série, já que Bradley Cooper não voltou a aparecer na série.

Em 2001, a estreia no cinema, mais precisamente na comédia “Wet Hot American Summer”, onde deu vida a Ben, par romântico de McKinley, personagem interpretada por Michael Ian Black. Nos anos seguintes, a carreira de Bradley Cooper deambulou entre o cinema e a televisão. Os papéis fixos em produções como “A Vingadora”, “Os Fura-Casamentos” e “Kitchen Confidential” contribuíram para o aumento da popularidade do ator. Das comédias românticas, Cooper passou para os filmes de ação, afinal são os dois caminhos possíveis para quaisquer bons bíceps em Hollywood. “A Ressaca” chega em 2009 e com ela a consagração de Bradley Cooper, aí com 34 anos, como sex symbol universal.

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Em 2014, “Golpada Americana”, também de David O. Russell, volta a dar-lhe acesso à bonita cerimónia dos Óscares, desta vez com uma nomeação na categoria de Melhor Ator Secundário. Para azar de Cooper, voltou a ser assombrado por um daqueles desempenhos inequívocos, o de Jared Leto em “O Clube de Dallas”. O ator terá pensado “fica para a próxima”. Aparentemente, já lhe tinha tomado o gosto e a próxima acabaria por ser logo no ano seguinte, com “Sniper Americano”, de Clint Eastwood. Resumindo: a terceira nomeação em três anos e, agora, novamente como ator principal. A personagem Chris Kyle pode ter mexido com o coração dos americanos, mas a estatueta foi para o britânico Eddie Redmayne, que afinal se tinha esmerado na interpretar o génio Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo”.

Os fãs mais irredutíveis poderão dizer que é falta de sorte, mas o certo é que, de todas as vezes que esteve nomeado para um Óscar, Bradley Cooper teve de lidar com uma performance muito mais brilhante do que a sua. No próximo domingo e depois de se ter aventurado como realizador, em “Assim Nasce uma Estrela”, Cooper volta a sentir o quentinho da cadeira de nomeado a Melhor Ator. Não parece que vá ser desta, pelo menos, segundo os resultados das restantes premiações da temporada — Rami Malek levou a melhor nos Globos de Ouro, nos SAG Awards e, mais recentemente, nos BAFTA, tendo apenas sido preterido a Christian Bale nos Critics’ Choice Awards.

Charlie é o cão de Bradley Cooper e a estrela canina do filme “Assim Nasce uma Estrela”. Na semana passada ganhou um Oscat

Nisto, também a vida sentimental do ator tem sido uma espécie de jogo de cadeiras. Entre 2006 e 2007, o casamento com a atriz Jennifer Esposito não chegou aos seis meses. Seguiu-se a especulação da imprensa em torno da relação com a atriz Renée Zellweger. Os dois ter-se-ão conhecido durante a rodagem do filme “Caso 39”, em 2006. Mais uma vez, as suspeitas falaram mais alto e, em 2011, o namoro terá terminado. Depois disso, namorou com Zoe Saldana e com a modelo britânica Suki Waterhouse, com quem terminou em março de 2015. Alegadamente, a relação com Irina Shayk terá começado um mês depois. O casal teve uma filha, em março de 2017.

Bradley Cooper pode não ter nenhum Óscar, mas pelo menos pode gabar-se de ter o Golden Raspberry Award (prémios anuais que distinguem os piores desempenhos da indústria cinematográfica). Aconteceu em 2010, com o filme “Nada Mais Que Steve”. O galardão agraciou Cooper e Sandra Bullock na categoria de Pior Casal no Ecrã. Este ano, mesmo que o ator volte a ver o Óscar passar-lhe ao lado, também já ninguém lhe tira o Oscat, prémio atribuído pela PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) aos animais que se destacam no mundo do cinema. O deste ano foi para Charlie Cooper, o cão de “Assim Nasce uma Estrela”. Ao que parece, brilhou no grande ecrã e é, nada mais, nada menos do que o cão de Bradley. Afinal, nem tudo está perdido.