O Papa Francisco confirmou esta terça-feira que o cardeal australiano George Pell, antigo número 3 da hierarquia da Igreja Católica que foi considerado culpado de cinco crimes de abuso sexual de dois menores, está “proibido de exercer publicamente o ministério sacerdotal e, regra geral, de estar em contacto, de qualquer maneira, com menores”.

Através de um comunicado de imprensa lido esta manhã pelo porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, a Santa Sé lembrou que esta medida já tinha sido aplicada a George Pell pelo bispo australiano do local onde o cardeal reside em junho de 2017, altura em que Pell pediu ao Papa Francisco uma licença das suas funções como prefeito da Secretaria para a Economia do Vaticano, para se poder ir defender em tribunal na Austrália. Agora, a medida foi confirmada pelo Papa Francisco.

O Vaticano diz ainda que a notícia de que Pell foi considerado culpado dos abusos — decisão que foi tomada em dezembro, mas que só foi oficialmente conhecida esta segunda-feira após terminar um embargo sobre as notícias relativas ao caso — é “dolorosa” e “chocou muitíssimas pessoas, não só na Austrália”. “Como já afirmado noutras ocasiões, reiteramos o máximo respeito pelas autoridades judiciais australianas”, afirmou o porta-voz da Santa Sé.

O Papa Francisco vai esperar até ao final do processo para se pronunciar publicamente. O cardeal australiano decidiu recorrer da decisão e o Vaticano lembrou que Pell “reiterou a sua inocência e tem o direito a se defender até ao último grau”. “À espera do julgamento definitivo, unimo-nos aos bispos australianos na oração por todas as vítimas, reiterando nosso compromisso a fazer todo o possível a fim de que a Igreja seja uma casa segura para todos, especialmente para as crianças e os mais vulneráveis”, afirmou.

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George Pell, antigo número 3 do Vaticano, é culpado de abusos sexuais, confirma justiça australiana. Sentença é lida na próxima semana

Em dezembro, o cardeal George Pell foi considerado por um júri como culpado de ter abusado sexualmente de dois menores durante a década de 90, época em que era arcebispo de Melbourne, na Austrália. Foi dado como provado que Pell aproveitou um momento em que dois rapazes de 13 anos, membros do coro da catedral de Melbourne, estavam na sacristia a consumir vinho utilizado para as celebrações litúrgicas para abusar deles.

O cardeal, que em 2014 foi nomeado pelo Papa Francisco para assumir a liderança da recém-criada Secretaria para a Economia — e a quem o Papa confiou a tarefa de pôr as contas da Igreja em ordem depois dos sucessivos escândalos económicos que afetaram o Vaticano —, pediu uma licença em junho de 2017 para poder regressar à Austrália e se poder defender em tribunal. Desde essa altura que se encontra sem autorização para exercer o ministério.