Muhammadu Buhari foi reeleito Presidente da Nigéria, o país mais populoso de África com 190 milhões de habitantes, com uma margem de milhões de votos sobre o rival Atiku Abubakar, segundo resultados divulgados na terça-feira pela comissão eleitoral.

Os resultados apurados dão o chefe de Estado cessante como reeleito, com mais cinco milhões de votos do que o adversário nas eleições presidenciais de sábado, apesar de ainda faltar apurar resultados de pelo menos um Estado, refere a AFP. Já a Associated Press fala numa vitória por 3,9 milhões de votos, tendo em conta todos os dados apurados nos 36 estados que compõem o país.

Para garantir a eleição, o vencedor, além de ter de conseguir a maioria dos votos, tem de reunir 25% dos votos em dois terços dos 36 estados. Elementos da campanha de Muhammadu Buhari dizem que os números conhecidos já permitem declarar este candidato vencedor, mas a comissão eleitoral do país remeteu para as 03h00 locais (mais uma hora em Lisboa) o anúncio oficial do candidato vencedor. Segundo a AP, os apoiantes de Buhari já festejam a vitória do candidato junto à sede do seu partido, em Abuja, a capital nigeriana.

O dia das eleições ficou associado a atos de violência que, segundo os dados mais atualizados, fizeram já 53 mortos, números que têm sido contabilizados por uma plataforma de organizações da sociedade civil que acompanhou o ato eleitoral, a Situation Room (Sala de Situação).

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De acordo com um relatório desta organização divulgado na segunda-feira, quando ainda se contabilizavam 39 mortes, estes óbitos revelam uma tendência de “grave violência eleitoral” desde o início da campanha, em outubro de 2018, tendo sido identificadas pela Situation Room mais de 260 mortes com motivação política até 23 de fevereiro.

Apesar do adiamento das eleições (estavam inicialmente marcadas para 16 de fevereiro) devido a problemas logísticos, a plataforma da sociedade civil indica que continuaram a verificar-se “grandes falhas logísticas” num escrutínio marcado também pela violência, falta de segurança e excessos de vária ordem e uma conduta “desapontante” dos principais partidos políticos

No Estado de Lagos houve relatos de perturbação das votações com bandos de criminosos a disparar para o ar, urnas de votos incendiadas e outros atos de violência, alguns causados pela ausência de elementos da Comissão Eleitoral Independente da Nigéria (INEC) e falta de materiais. A votação sofreu também adiamentos em vários pontos do país com impacto no apuramento dos resultados.

A INEC mostrou-se satisfeita com a forma como decorreram as eleições, mas a Situation Room considera que a comissão “não geriu as eleições de forma eficiente” e que foram registadas “irregularidades significativas”. No entanto, apela à “contenção” dos eleitores e restantes atores políticos para evitar “perder mais vidas” e que recorram aos tribunais caso se sintam lesados.

As votações de sábado visaram a eleições de um novo presidente — disputada pelos favoritos Muhammadu Buhari, atual Presidente, e o seu rival Atiku Abubakar –, bem como de 360 deputados e 109 senadores.