2019 ainda só tem dois meses mas já existe uma séria candidata a melhor partida de ténis do ano. Esta quinta-feira, no Open de Acapulco, Nick Kyrgios bateu Rafa Nadal nos oitavos de final do torneio e passou à ronda seguinte, onde vai encontrar o suíço Stan Wawrinka. O tenista espanhol, que se lesionou no pulso ainda antes do início da competição mexicana mas venceu Mischa Zverev na primeira ronda, não conseguiu concretizar nenhum dos três match points de que beneficiou e acabou por perder pelos parciais de 3-6, 7-6 (7-2) e 7-6 (8-6), em mais de três horas de jogo.

Num encontro de alto nível, onde Nadal teve a vitória na mão por diversas vezes mas acabou por desperdiçar todas as oportunidades — o número 2 do ranking ATP só ganhou um dos dez pontos de break que teve –, Kyrgios aproveitou os erros do adversário e empatou o registo entre os dois, que tem agora três vitórias para cada lado. Mas o jogo tem bem mais para contar do que o simples resultado final. O tenista australiano, número 72 do ranking, conhecido pelo mau feitio, pela agressividade e pelas declarações polémicas, não deixou que a fama deixasse de ter razão de ser e protagonizou alguns momentos perto do inacreditável.

Logo no primeiro jogo, Nick Kyrgios pediu a assistência do médico presente no court e disse que se sentia “doente” e só não desistia logo ali “pelo que a imprensa pode dizer”. Mais tarde, já no final do segundo jogo, queixou-se de dores no joelho e pediu a presença do fisioterapeuta. Se tudo não passou de uma simples manobra de diversão, ninguém sabe: mas a verdade é que, depois da aparente lesão, o australiano de 23 anos mostrou o seu melhor ténis e venceu o jogo seguinte por 0-40, ganhou quatro pontos de break e chegou ao 4-4 no segundo set. Nessa altura, quando o jogo dos oitavos do Open de Acapulco já parecia ter visto tudo, Kyrgios decidiu surpreender (ainda mais) o mundo do ténis e fazer um serviço por baixo — manobra legal segundo os regulamentos mas normalmente interpretada como falta de respeito pelo adversário.

Três horas e três minutos depois, Nick Kyrgios acabou por vencer ao fim de três sets e voltou a chocar com os festejos exagerados e a provocação ao público presente nas bancadas do recinto mexicano — que passou grande parte do encontro a assobiá-lo –, ao colocar a mão na orelha como que a pedir as críticas. Já na conferência de imprensa, Nadal afirmou que Kyrgios “não tem respeito pelo público, pelos rivais e por ele próprio”. “É um jogador que tem o talento para vencer Grand Slams. Um jogador que pode lutar pelos lugares de topo do ranking. Mas por alguma razão ele está onde está. É um jogador muito perigoso mas falta-lhe consistência”, explicou o espanhol, que voltou a competir no México depois de perder na final do Open da Austrália com Novak Djokovic.

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Em resposta a Rafa Nadal, Kyrgios preferiu, desta vez, jogar à defesa. “Eu sou diferente, o Rafa é diferente. Ele não conhece aquilo por que eu passei. Ele não sabe nada sobre mim por isso não vou ouvir nada. Esta é a forma como eu jogo. Não vou comentar o jogo dele. Ele tem o jogo dele e eu tenho o meu”, disse o australiano, que tem como melhores resultados em Grand Slams os quartos de final em Wimbledon, em 2014, e na Austrália, no ano seguinte.