André Previn, galardoado compositor e maestro alemão, morreu esta quinta-feira, aos 89 anos, na sua casa em Nova Iorque. A informação foi confirmada à BBC pelo seu manager. O músico alemão ficou conhecido pela capacidade de conciliar vários géneros musicais, da música clássica ao pop.

Com uma longa carreira ligada a Hollywood, Previn, nascido a 6 de abril de 1929 em Berlim, começou a compor para o cinema com apenas 16 anos. Ao longo da sua vida, foi galardoado com quatro Óscares e 11 Grammys. Além de compositor, ficou famoso como maestro e como pianista de jazz. Foi casado e divorciou-se cinco vezes, uma delas com a atriz Mia Farrow com quem teve três filhos biológicos e outros três adotados.

Em comunicado, a Orquestra Sinfónica de Londres (LSO), que Previn conduziu, lamentou a sua morte. “André Previn é uma parte muito importante da história da LSO. Muito antes da LSO Discovery ter sido estabelecida, André Previn chegou a novas audiências e ainda mais longe através da televisão”, afirmou a diretora-geral da orquestra, Kathryn McDowell.

André Previn foi diretor da Orquestra Sinfónica de Londres, entre 1968 e 1979 (John Minihan/Getty Images)

O New York Times destacou a forma como o compositor esbateu as fronteiras entre a música clássica, jazz e pop. Da mesma forma que era capaz de trabalhar com vários géneros musicais, Previn conseguia também desempenhar várias funções, fosse a de compositor, maestro ou de pianista.

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Chegou a conciliar vários estilos musicais em concerto, esgotando espetáculos em que misturava música clássica e jazz, uma característica sua que não agradava aos mais conservadores. Era considerado “um divulgador em vez de um sério praticante”, segundo disse Ted Gioia, historiadora de jazz, ao New York Times. O músico alemão também não se compartimentava em nenhum dos estilos e dizia que nunca se tinha considerado um musico de jazz, mas sim “um músico que ocasionalmente toca jazz”.

Reconhecido admirador do compositor norte-americano Leonard Bernstein, Previn dizia que este tinha possibilitado “que os músicos não tivessem que se especializar apenas numa área”. “Não temos que fazer apenas espetáculos da Broadway, ou filmes, ou ser maestro. Podemos fazer tudo”, afirmou o maestro, que seguiu este mantra à risca e conquistou sucessos em todas estas áreas.

O sucesso em Hollywood e a porta de entrada para vários prémios

André Previn (nascido Prewin mas naturalizado Previn uma vez em solo norte-americano) chegou aos Estados Unidos da América em 1939, depois de os pais, judeus, terem fugido da Alemanha, então sob o domínio nazi. O tio-avô era diretor musical na Universal Studios e foi entrou assim no mundo de Hollywood, alcançando o sucesso nos anos 60.

Ganhou o primeiro Óscar em 1958, com “Gigi”, conquistado o mesmo galardão em 1959 (“Porgy & Bess”), em 1963 (“Irma la Douce”) e em 1964 (“My Fair Lady”). Previn é o único compositor a ter sido nomeado para três Óscares num ano (em 1961), mas acabou por não conquistar nenhum.

A Academia de Artes e Cîências Cinematográficas reagiu já à morte do compositor, agradecendo o legado deixado por André Previn.

Foi com “Gigi”, que para além de um Óscar lhe deu também um Grammy, que André Previn começou a conquistar vários prémios e reconhecimentos. A par das estatuetas douradas, Previn recebeu ainda 11 Grammys, incluindo o de carreira, em 2010, o mesmo ano em que, entre outros, foram agraciados Leonard Cohen e ainda Michael Jackson.

Previn também teve sucesso na Broadway. Foi ele que escreveu o musical “Coco”, sobre Coco Chanel, e também “The Good Companions”, seguindo as pisadas do seu ídolo, Bernstein.