O responsável pela pasta financeira da SAD do Sporting, Francisco Salgado Zenha, esteve no programa “Mais Bastidores” da TVI24, na noite desta quarta-feira, para acalmar os sócios leoninos sobre as dificuldades financeiras do clube. O dirigente repetiu a ideia de que está “confiante de que não teremos que vender nenhum jogador para fazer face a dificuldades de tesouraria” e falou sobre as dívidas herdadas da gestão de Bruno de Carvalho e da estratégia que está a ser seguida pelo clube.

O responsável pelas finanças da sociedade anónima desportiva revelou também que a maior parte da dívida de 41 milhões de euros, que terá que ser liquidada até junho, é a “clubes e agentes”, acrescentando que “o valor da dívida corresponde a metade do plantel do Sporting, ou seja, coube-nos a nós pagar metade do plantel este ano”, repetindo as declarações que deu na tarde desta quinta-feira à Agência Lusa, onde afastou a possibilidade de vender jogadores.

Sporting não precisa de vender jogadores, diz vice-presidente do clube

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Outra das ferramentas que tem sido referida para a resolução das dificuldades financeiras é um novo adiantamento do contrato com a NOS, firmado por Bruno Carvalho, com um valor total de 515 milhões de euros. O administrador da SAD leonina garante que os adiantamentos feitos até ao momento constituem uma “parcela reduzida” do contrato e que o clube tem ao dispor uma “parte significativa”, confirmando que fazê-lo de novo é uma das hipóteses em cima da mesa.

Sem querer revelar mais do que o necessário para tranquilizar os sócios, depois das noticias dos últimos dias que deram conta das elevadas necessidades financeiras do clube a curto-prazo, Francisco Salgado Zenha esclareceu que “no documento que foi publicado na CMVM, onde são enumerados fatores de risco, são também enumeradas ferramentas para superar esses fatores. O administrador leonino não quis entrar em pormenores, num “setor sui-géneris pelo mediatismo que tem”, reafirmando que “o que se disse na campanha eleitoral mantém-se: o Sporting é sustentável”. 

Salgado Zenha reafirma que o clube está a “trabalhar para resolver os problemas financeiros”, dando o exemplo do empréstimo obrigacionista e da renegociação com os bancos, que garante estar “a decorrer com grande abertura”, apesar de ainda não ter sido concluída.

Francisco Salgado Zenha falou ainda sobre a influência do clube na SAD, afastando o risco do Sporting perder a maioria. “O Sporting está até a equacionar aumentar a participação, através de um acordo para comprar os VMOCS” — obrigações que podem ser convertidas em capital da SAD -, disse o administrador.

Administrador afasta hipótese de venda de jogadores

À semelhança do que disse esta tarde à Lusa sobre a possibilidade de venda de jogadores, Francisco Salgado Zenha explicou ainda que “a forma como o Sporting gere o futebol não é exclusivamente por dinheiro”. O administrador admitiu que “o Sporting também depende da valorização dos ativos do futebol”, mas garantiu que, “se não fizer sentido por razões desportivas, não se avança”, adiantando que o clube não tem neste momento nenhuma proposta por Bruno Fernandes, um dos jogadores mais valiosos do plantel.

Zenha falou ainda sobre os processos pendentes com Gelson Martins, Rafael Leão e Daniel Podence — sendo que, nesta lista, falta ainda Rúben Ribeiro –, cuja rescisão unilateral vai seguir a via judicial. Adiantou que o clube está “muito confiante” de que vai vencer todos os processos em curso.

O vice-presidente do Sporting explicou que clube “não quis abdicar dos 18 milhões de euros pelo Rui Patrício, para mostrar a posição de firmeza”, esclarecendo que, do dinheiro desse negócio, 4 milhões destinaram-se à Gestifute para pôr fim a “uma dívida de 9 milhões de euros” e que outros 2 milhões de euros foram aplicados num “protocolo firmado com o Wolverhampton”.