A mulher do presidente da câmara, dois repetentes desafiadores, a líder da “jota” europeia e vários anónimos. São indicações que contam pouco, pelo menos para já. O presidente do PSD, Rui Rio, pediu às distritais para indicarem as suas escolhas para a lista do PSD às Europeias do 11º ao 30º lugar até esta quinta-feira. Quanto aos lugares cimeiros, o nome de Paulo Rangel é o único confirmado, embora o eurodeputado José Manuel Fernandes e o autarca Álvaro Amaro sejam apontados como fortes possibilidades. A lista final será aprovada, após proposta da Comissão Política Nacional, a 13 de março num Conselho Nacional já convocado para Coimbra.

Ao contrário do desenho das listas de deputados à Assembleia da República, a luta pelos lugares nas listas às eleições europeias é bastante mais pacífica. Como sintetiza um dirigente da distrital de Lisboa: “Calha a poucos, por isso não cria grandes guerras”. Rui Rio não quer entrar em guerra com as distritais — já basta as que alinharam com Montenegro no “golpe de estado” e as ofendidas pela importância dada ao Conselho Estratégico Nacional — por isso deixou um aviso à navegação:  as indicações das distritais só têm lugar garantido entre o 11º e o 30º lugar. Os primeiros 10 nomes são escolhidos pela direção nacional.

Ora, Portugal só tem 21 eurodeputados e o PSD — mesmo na melhor das sondagens — poderá eleger um máximo de sete eurodeputados nas próximas eleições. Ou seja: não há grandes hipóteses de o 11º ser sequer um lugar elegível, sendo ainda mais difícil a partir daí. Ainda assim, a indicação é sempre um sinal para Rui Rio, que pode sempre decidir promover uma dessas pessoas abaixo da linha eleição para uma zona potencialmente elegível. Apesar de ser pouco provável.

As desafiadoras indicações de Coelho e Ruas

Há, desde logo, indicações desafiadoras de duas distritais que não têm alinhado com Rio: Lisboa e Viseu. A indicação de Lisboa, distrital liderada por Pedro Pinto, foi o eurodeputado Carlos Coelho, como avançou o Público. Nas listas que circulam no partido, Carlos Coelho tem sido sucessivamente dado como uma carta fora do baralho, mas os que lhe são mais próximos politicamente não param de puxar pela sua importância. E não é de agora. Logo na Universidade de Verão do PSD, em setembro de 2018, a antiga ministra e presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, destacava a importância de Carlos Coelho se manter em Bruxelas numa fase tão importante para a vida da União Europeia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Rui Rio até reconhece o trabalho de Carlos Coelho — que está ininterruptamente no Parlamento Europeu desde 1998, por onde já tinha passado em 1994 — mas o eurodeputado estava como um dos potenciais sacrificados para promover a renovação da lista.

O mesmo aconteceu na distrital de Viseu, que indicou o atual eurodeputado Fernando Ruas, que foi em segundo lugar na lista de há cinco anos. Quando falou com Passos em 2014, Fernando Ruas acordou que estaria dois mandatos em Bruxelas. Mas isso era algo que Passos não lhe poderia garantir. O antigo autarca de Viseu quer continuar, mas, mais uma vez, é dado pelos mais próximos de Rio como alguém fora dos lugares elegíveis, em nome da renovação. A ideia é: alguém tem de sair para outros entrarem.

A mulher do presidente da câmara que é ‘vice’ da distrital

O PSD tem atacado violentamente as ligações familiares do governo de Costa, mas a indicação da distrital do PSD de Santarém às Europeias é Vânia Neto, a mulher do atual presidente da câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves. Vânia Neto é também uma das vice-presidentes da distrital, liderada por João Moura. Embora o lugar as Europeias seja não elegível, Vânia Neto estará também na pole position para ser a primeira mulher indicada na lista às Legislativas, esse, sim, lugar elegível.

Lídia Pereira, líder do YEPP, a estrutura política de juventude do Partido Popular Europeu (PPE), é o nome indicado pela JSD e também pela distrital de Coimbra. Juntando estas duas indicações, talvez se conjugue uns lugares mais acima da lista.

A distrital de Castelo Branco decidiu indicar Hugo Lopes, o presidente da JSD distrital, como nome às eleições europeias. Já a distrital de Faro indicou um homem e uma mulher: a antiga presidente do Centro Hospitalar do Algarve (Graça Pereira) e o presidente do PSD/Albufeira e doutorado em Ciência Política e Relações Internacionais (Cristiano Cabrita).

O presidente da distrital do Porto, Alberto Machado, explicou ao Observador que a distrital não terá indicação, uma vez que o cabeça de lista Paulo Rangel já é da distrital do Porto e “não fazia sentido” estar a indicar outro nome. No caso de Braga, a indicação natural do distrito é José Manuel Fernandes, mas por isso mesmo não deverá entrar nesta lógica em que os nomes são do 11º lugar para baixo. No caso da Guarda, a distrital também espera que Álvaro Amaro siga em lugar elegível.

A distrital de Vila Real escolheu o presidente da concelhia do PSD de Mondim de Basto, Bruno Ferreira, como candidato às Europeias. Na distrital de Lisboa Área Oeste foram indicadas duas mulheres: a advogada Mafalda Taborda Lourenço e a vice-presidente da câmara do Cadaval, Eugénia Correia.

A nível dos lugares cimeiros, já há confusão. O PSD/Açores queria que Mota Amaral seguisse no segundo lugar, mas como para já só tem garantido o oitavo, a estrutura regional ameaça retirar o nome que propôs e nem sequer indicar ninguém.

Mota Amaral não aceita integrar lista do PSD para as europeias no oitavo lugar