Depois de seis anos fugida à justiça, o que fez com que chegasse a estar no topo da lista da Europol como a mulher mais procurada da Europa, e depois de um ano detida, Tania Varela sentou-se esta quinta-feira no banco dos réus e, para surpresa de todos, negou todo o envolvimento em processos de tráfico de droga de que é acusada.

Trata-se de uma advogada de 45 anos, conhecida como a “narcoadvogada” da Galiza, que foi condenada a sete anos de prisão por pertencer à organização criminosa de David Pérez Lago, filho de Laureano Oubiña, um dos nomes mais conhecidos no narcotráfico espanhol, e Esther Lago, considerada o cérebro de todas as operações do marido. Tania Varela chegou a ser vista a encontrar-se com traficantes colombianos para receber uma grande quantia de dinheiro e viajou até ao Porto para negociar a compra de telemóveis por satélite. Tudo preparativos para o dia 26 de abril de 2006: o dia em que 2 mil quilos de cocaína chegaram à Galiza

No seguimento dessa operação, a rede foi desmantelada, mas a advogada escapou. Acabou por ser julgada só em 2011, em conjunto com David Pérez Lago, por aquela operação de tráfico de droga. Foi condenada a sete anos de prisão que deveria ter começado a cumprir em janeiro de 2013. Mas, nessa altura, já tinha fugido sem deixar rasto. Viria a ser encontrada, e detida, sete anos depois, em março de 2018, a 30 quilómetros de Barcelona.

Detida a mulher mais procurada pela Europol. Tania Varela tem 44 anos e três mandados de detenção

Agora, presente a um juiz em Pontevedra, na Galiza, Tania Varela negou tudo, segundo a imprensa espanhola. Disse que “sempre rejeitou o narcotráfico” e que enquanto advogada só lidava com “questões civis”. A negação foi mesmo até à sua vida pessoal, chegando a desmentir que tivesse tido uma relação com David Pérez Lago, e afirmando que só soube que era da família de Oubiña quando foi julgada e condenada em 2011.

A estratégia do advogado de Tania Varela, Bernardino Rodríguez, é reivindicar a nulidade das ações com base em alegados erros nos relatórios e explorar uma teoria da conspiração de que a cliente só foi condenada por ter um “mau relacionamento” com o juiz que a condenou e que entretanto foi afastado do caso. “Estamos a falar de coisas muito estranhas, só gostaria de deixar isto no ar, há aqui interesses em todo o lado”, disse.

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