O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, declinou esta sexta-feira pronunciar-se sobre a mudança do escritório da petrolífera estatal venezuelana PDVSA de Lisboa para Moscovo, salientando que é Nicolás Maduro que deve ser questionado sobre a decisão.

Santos Silva considerou que esta é uma decisão do Estado venezuelano sobre a qual não tem de se pronunciar: “Nós tratamos de relações entre Estados e as matérias que são relativas à localização de empresas públicas são matérias típicas de cada Estado. Eu não perguntei ao ministro dos Negócios Estrangeiros da África do Sul o que achava sobre as decisões tomadas pela Caixa Geral de Depósitos relativamente à sua rede de agências”, declarou aos jornalistas à margem de uma sessão comemorativa do 90.º aniversário do Instituto Camões.

O presidente de facto da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou a transferência do gabinete europeu da petrolífera estatal PDVSA de Lisboa para Moscovo, para garantir a segurança dos ativos do país, anunciou esta sexta-feira a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodriguez.

“A Europa não garante o respeito pelos nossos ativos”, disse Delcy Rodriguez durante uma conferência de imprensa em Moscovo, na qual estava presente o chefe da diplomacia russo, Sergei Lavrov.

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O Governante adiantou que é o regime de Nicolas Maduro que deve ser questionado sobre a alegação de que os ativos da empresa não estão seguros em Portugal e reafirmou que a “profunda crise social e humanitária” que a Venezuela atravessa tem uma “raiz política”.

“A profunda crise social e humanitária que se vive na Venezuela hoje (…) tem uma raiz política”, devendo-se a um impasse político, destacou Augusto Santos Silva, insistindo que a solução passa por “um processo de transição pacífica e sem confrontações, que devolva ao povo venezuelano o exercício da sua soberania plena através de eleições”.

Na conferência de imprensa desta sexta-feira em Moscovo, a vice-presidente venezuelana afirmou que os países capitalistas violaram as “suas próprias leis ao congelarem os bens da Venezuela que se encontravam em bancos ocidentais”, considerando “roubo à mão armada” o que está a acontecer aos recursos financeiros da Venezuela.

Os Estados Unidos já aplicaram várias sanções económicas contra altos cargos do Governo de Nicolás Maduro e à empresa estatal Pdvsa, principal fonte de lucros em virtude da exportação de petróleo.

Washington já ameaçou também aplicar novas medidas contra países que estabeleçam negócios relacionados com a transação de ouro e petróleo da Venezuela.

Ao contrário, a Rússia rejeita “categoricamente” medidas de pressão através de sanções contra o Governo de Caracas e apela ao diálogo como única forma de solucionar a grave crise política em que se encontra a Venezuela.