O primeiro-ministro de Cabo Verde anunciou esta sexta-feira a criação de uma linha de crédito para formação de pilotos, durante a assinatura do acordo de privatização da companhia aérea TACV, cujo valor da venda não foi revelado.

O chefe do Governo formalizou esta sexta-feira, na cidade da Praia, o acordo de privatização da Transportes Aéreos de Cabo Verde Airlines, através da venda de 51% das ações à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses.

“Há muita procura, há défice a nível internacional de pilotos. Cabo Verde tem necessidade. Vamos apostar forte na formação de pilotos para servir Cabo Verde cá dentro e servir Cabo Verde lá fora, num setor de alto rendimento e alto retorno pessoal e para o país”, afirmou Ulisses Correia e Silva.

Esta linha de crédito irá ser criada “em parceria com os bancos”, acrescentou.

É objetivo do Governo “aumentar de forma significativa o contributo da atividade de transportes aéreos para o crescimento económico do país, num setor de elevada competitividade e complexidade de gestão e exigente em termos tecnológicos”.

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Ulisses Correia e Silva adiantou ainda que, “em negociações com o parceiro estratégico, foi acordado que poderá haver voos ponto a ponto Praia-Lisboa, Praia-Boston e São Vicente-Lisboa, desde que sejam rentáveis”.

O primeiro-ministro referiu também que, no quadro desta privatização, 10% do capital social da TACV será alienado este ano aos trabalhadores e aos emigrantes. “As ações serão vendidas com um desconto de 15% porque queremos ver trabalhadores acionistas e motivados para a rentabilidade da empresa”, disse.

No final da cerimónia, Ulisses Correia e Silva não quis falar à comunicação social, nomeadamente sobre o montante que o Estado cabo-verdiano vai receber com esta privatização.

Também o vice-presidente da Loftleider Icelandic, pertencente ao grupo Icelandair, Erlendur Svavarsson, um dos subscritores do acordo, se remeteu ao silêncio quando questionado sobre o valor pago a Cabo Verde pelos 51% dos TACV.

Isto porque, segundo disse, o acordo “é confidencial”.

Durante a sua intervenção, explicou a estratégia de “trazer pessoas de vários sítios para um ponto — Cabo Verde — e daí para vários sítios”.

Para isso, aposta numa maior visibilidade da TACV Airlines, nomeadamente através da mudança do website da empresa.

A Islândia, com 300 mil habitantes, transporta anualmente 4,1 milhões de passageiros e é esta experiência que a Loftleider Icelandic que aplicar em Cabo Verde.

Em declarações aos jornalistas, Mário Chaves, diretor executivo da TACV, revelou que ainda durante este ano serão abertas novas rotas: mais um destino nos Estados Unidos, mais dois na Europa, com um regresso a Itália, e mais dois em África — Lagos e Luanda.

Em relação aos aparelhos, aos dois aviões em serviço irá juntar-se um terceiro e está previsto um quarto até ao final do ano.

Segundo Mário Chaves, o crescimento previsto é até 12 aviões nos próximos cinco anos.

“Pode parecer 12 aviões que é muito. Na Islândia, com 300 mil habitantes, estamos acima dos 30 aviões e existe uma empresa concorrente”, disse.

“É possível crescer, se tivermos uma empresa eficiente, rentável e formos capazes de criar a diferença no mercado”, concluiu.

Segundo o executivo, em 27 de julho do ano passado, “a Loftleidir Icelandic submeteu ao Governo de Cabo Verde uma proposta vinculativa para a aquisição de 51% das ações dos TACV, tendo posteriormente proposto utilizar como veículo de aquisição da referida participação a sua participada, a Loftlider Cabo Verde, algo que mereceu a não objeção do Governo”.

“A Loftleidir Cabo Verde é uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação”, adiantou o Governo.

Para o Governo cabo-verdiano, a assinatura do contrato de compra e venda de 51% das ações é “um momento histórico para Cabo Verde que assegura a continuidade” da “companhia de bandeira e, certamente, um importante passo para a materialização do ‘Hub’ aéreo que estará baseado na ilha do Sal”.