O líder do Partido de Unidade Nacional (PUN), Idrissa Djaló, disse esta sexta-feira que a maior contribuição da sua formação política é pretender acabar com subversão das regras democráticas na Guiné-Bissau e procurar a desmilitarização da classe política.

“No nosso entender a grande batalha é esta cultura de subversão e desrespeito pelas regras democráticas. Essa é a melhor contribuição do PUN, esta desmilitarização da classe política. Este compromisso que a classe política tem de ter com a democracia, com o respeito pela soberania do povo através do voto e respeito das regras do jogo democrático”, afirmou em entrevista à Lusa Idrissa Djaló.

O Partido de Unidade Nacional foi criado após o conflito político-militar na Guiné-Bissau, entre 1998 e 1999, mas nunca elegeu nenhum deputado para a Assembleia Nacional Popular do país.

O partido não participou nas últimas eleições legislativas do país, mas o seu presidente tem sido bastante crítico em relação à a crise política que a Guiné-Bissau vive desde 2015, com a demissão do primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, vencedor das eleições de 2014, com quem assinou um acordo político.

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“Muitas vezes os nossos parceiros colocam a problemática militar como causa da instabilidade na Guiné-Bissau e isso não é verdade. A causa fundamental da instabilidade reside num sistema político que não acredita na democracia, outra causa fundamental é a tentação de fazer coexistir um sistema democrático e a subversão e isso é impossível de funcionar ao mesmo tempo”, salientou. Para Idrissa Djaló, todo o sistema político é “completamente inadequado”.

Na Guiné-Bissau, todo o espaço público é ocupado pelo sistema político para fazer negócios, para arranjar um emprego. A função pública é politizada e para se servir lá dentro é preciso fazer política, as forças armadas são politizadas e a justiça instrumentalizada”, disse

Para fazer frente a estes desafios, Idrissa Djaló entende que é “importante racionalizar o espaço público, redefinir o espaço da política e reconstruir o sistema político”. “Se um sistema é bem montado, o sistema é capaz de auto proteger. Um sistema mal montado abre a porta à corrupção e à violência e é o que temos na Guiné-Bissau”, salientou.

No programa do seu partido, Idrissa Djaló propõe a racionalização dos recursos do país, passando da eleição de 102 deputados para apenas 50, a despolitização da administração pública e o reforço da administração territorial, bem como a reforma do setor de defesa e segurança. “Sem estas reformas nunca vai haver paz e estabilidade”, disse.

A Guiné-Bissau realiza eleições legislativas a 10 de março. Candidataram-se ao escrutínio 21 partidos políticos.