A coordenadora do Bloco do Esquerda (BE) reafirmou este domingo que a venda do Novo Banco continua a “ficar caríssima” aos contribuintes portugueses, reiterando que o banco deveria ter ficado na esfera pública. Catarina Martins abordou o assunto à margem de um almoço solidário com os trabalhadores do Casino da Póvoa de Varzim, reagindo ao anúncio na sexta-feira de que o Novo vai pedir uma injeção de capital de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

“Fica difícil de acreditar que o Novo Banco quer mais dinheiro dos contribuintes. Um banco que foi vendido ao fundo norte americano Lone Star e que agora quer mais do Estado Português, por algo que já não é nosso”, começou por dizer a líder do Bloco. Catarina Martins recordou que “quando PSD e CDS fizeram a resolução do BES [Banco Espírito Santo], e vieram à televisão dizer que não ia custar nada aos contribuintes, o Bloco alertou que tal era mentira”, falando num “negócio esquisito, que custou 3.900 milhões de euros dos contribuintes, postos num fundo de resolução”.

“Na altura, já dissemos que esta venda iria ficar caríssima, e propusemos alternativas, dizendo, por exemplo, que se iríamos pagar tanto seria melhor o banco ser público para, pleno menos, ficar com os lucros e decidir como iríamos gerir o dinheiro dos contribuintes. Se pagámos, o banco tem de ser nosso [do Estado]”, vincou a dirigente do Bloco. Catarina Martins sublinhou, ainda, que “se o governo do PSD e CDS esteve mal na resolução do BES, também o governo do PS esteve muito mal na venda do Novo banco”.

“António Costa [primeiro-ministro] e Mário Centeno [ministro das Finanças], quando propusemos que o banco fosse público, diziam-nos para não nos preocuparmos, que não iria custar dinheiro aos contribuintes, e que a garantia nem sequer iria ser acionada. É mentira, está a ser acionada e a ficar cara. A solução que o que Bloco defendeu desde o início era a mais barata para os cofres públicos e defendia melhor a economia portuguesa”, considerou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A coordenador do BE apontou que todo este processo de injeção de dinheiro público no Novo Banco “é inaceitável, sobretudo, quando o ministro das Finanças diz não haver dinheiro para as mais básicas reivindicações, como a escola pública, o Serviço Nacional de Saúde, as forças de segurança ou as infraestruturas de que o país precisa”. “Quando vemos quanto custariam todas essas reivindicações urgentes e básicas, percebemos que, face ao Novo Banco, eram só uma migalha, pois para quem trabalha falta sempre o que tem sobrado, vezes demais, ao sistema financeiro. Isto tem de mudar a sério”, vincou Catarina Martins.

Na sexta-feira, o Novo Banco anunciou que vai pedir uma injeção de capital de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, tendo o Ministério das Finanças comunicado que “considera indispensável” a realização de uma auditoria para escrutinar o processo de capitalização deste banco. No ano passado, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injeção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução, pelo que, a concretizar-se o valor pedido agora, as injeções públicas ficarão em mais de 1.900 milhões de euros.

O Novo Banco, que ficou com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES) – resgatado no verão de 2014 -, é desde outubro de 2017 detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star, sendo os restantes 25% propriedade do Fundo de Resolução bancário (entidade da esfera pública gerida pelo Banco de Portugal).