A situação financeira da Jaguar Land Rover (JLR) tem vindo a agravar-se a ponto de o grupo britânico optar por cancelar a produção de modelos. Primeiro, conforme aqui noticiámos, a Land Rover viu-se obrigada a informar os clientes que encomendaram o Range Rover SV Coupé – de que apenas seriam fabricadas 999 unidades, na casa dos 400 mil euros cada – que, afinal, o rival do Rolls-Royce Cullinan não iria ser produzido. Duas semanas depois, novo cancelamento: também o Discovery SVX, apresentado em 2017 e cuja produção deveria ter arrancado já o ano passado, tem morte confirmada. Se o projecto avançasse, este seria o modelo que colocaria o Discovery num outro patamar em matéria de todo-o-terreno. Mas não só, dado que seria equipado com um motor a gasolina V8 sobrealimentado de 5,0 litros, a debitar uma potência máxima de 525 cv e 625 Nm, com os profissionais do Centro Técnico da Special Vehicle Operations do Reino Unido a alterarem também a suspensão, para enfrentar com maior à vontade os terrenos mais difíceis.

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Confirmado que está que estes planos não vão sair da gaveta, a Bloomberg, com base em fontes internas da JLR, avança que a indiana Tata Motors estaria na disposição de resolver o problema, colocando em cima da mesa três hipóteses: vender todos os activos a outro construtor, alienar parte das acções ou encontrar um parceiro com quem partilhar custos. Contudo, o grupo que controla a JLR (e que está já a ser penalizado pelos maus resultados) desmente qualquer intenção de venda, assegurando que “são falsos os rumores de que a Tata Motors está a tentar desfazer-se da sua participação na JLR”.

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Tem 900 milhões que não precise? A Jaguar agradece

Certo é que, uma década depois de ter comprado as duas marcas à Ford, por 2,3 mil milhões de dólares, a Tata vê as suas ‘jóias’ converterem-se num pesado fardo. Em 2018, a JLR perdeu dinheiro em três trimestres, sendo que no último os prejuízos chegaram aos 3,9 mil milhões de euros. Um recorde que manchou a história da Tata.

Jaguar Land Rover bate recordes de… prejuízos

Os próximos tempos não se auguram mais auspiciosos. A par da queda das vendas no mercado chinês, a JLR tem de resolver problemas de qualidade. Enquanto isso, no Reino Unido, onde emprega 4.500 pessoas, a sua operação está a ser duramente penalizada pelo Brexit. Para fazer face a estas dificuldades, está em marcha o Project Charge, plano que prevê cortes nos custos e o lançamento de versões híbridas e eléctricas em todos os modelos da Jaguar e da Land Rover. Resta saber se será suficiente.