Uma senadora norte-americana, ex-militar de carreira, afirmou esta quarta-feira ter sido violada por um superior hierárquico quando estava na força aérea e que não denunciou o agressor por não ter “confiança no sistema”.

Martha McSally, uma republicana do Arizona, apresentou o seu testemunho no início de uma audição da comissão de Defesa a vítimas de abusos sexuais nas forças armadas. Essa luta “é profundamente pessoal”, disse a eleita de 52 anos, que passou 26 anos na Força Aérea. McSally foi a primeira mulher a pilotar um “caça” e a comandar um esquadrão de combate.

Eu também sobrevivi a um ataque sexual no exército. Não contei nada porque não confiava no sistema na época”, afirmou

A senadora acrescentou que se sentia “envergonhada e confusa”, não tendo revelado nem o nome do agressor, nem a data em que ocorreram os factos. “Fui perseguida e violada por um oficial superior“, continuou, explicando que decidiu falar sobre o trauma apenas anos mais tarde.

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Na altura, os escândalos de abuso sexual acumulavam-se nas forças armadas, o que, de acordo com a senadora, revelava “uma resposta verdadeiramente inadequada”.

McSally mostrou-se “horrorizada” pela forma como o exército reagiu ao seu testemunho e disse que quase desistiu “por desespero” após 18 anos no exército. “Como outras vítimas, achei que o sistema estava a violar-me novamente”, disse Martha McSally, visivelmente emocionada.

No entanto, escolheu não “desistir” e tornar-se “uma voz para as mulheres” nas forças armadas e, depois, na política. Sublinhou igualmente que quando entrou na Escola da Força Aérea em 1984, “ataques e assédio sexual eram comuns e as vítimas sofriam normalmente em silêncio”.

A senadora denunciou a responsabilidade da hierarquia militar, afirmando que ao longo da sua carreira viu numerosas “falhas no processo de prevenção de agressão sexual, investigação e julgamento”. Outra senadora republicana e ex-militar, Joni Ernst, eleita em Iowa, também revelou em janeiro que foi violada na universidade.