O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) vai ser alvo de uma avaliação, por parte Ministério da Saúde, com o objetivo de perceber os problemas existentes e avançar com as “decisões adequadas” para os resolver, afirmou esta quarta-feira o autarca Raul Castro.

“Vamos aguardar mais uns dias para sabermos que medidas vão ser tomadas para resolver essa situação”, disse o presidente da Câmara Municipal de Leiria, Raul Castro (PS), em declarações à agência Lusa, após uma reunião com a ministra da Saúde, em Lisboa.

De acordo com o autarca, a ministra Marta Temido “assumiu o interesse em fazer uma análise um pouco mais profunda àquilo que está a acontecer” no CHL, para perceber as causas dos problemas que afetam a unidade hospitalar e “tentar, a partir daí, arranjar soluções adequadas”.

Na perspetiva de Raul Castro, o grande desafio que tem sido colocado ao CHL está relacionado com a esfera territorial afeta a esta unidade hospitalar, já que em 2011 passou a acolher o município de Pombal e em 2013 acolheu os concelhos de Nazaré e Alcobaça: houve “um compromisso de ampliar os recursos para dar resposta aos utentes destes concelhos, mas que não se verificou”, referiu.

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Apesar do problema de recursos, “o centro hospitalar não deixou de continuar a prestar um bom serviço” com essas mudanças, assegurou o presidente da Câmara de Leiria, indicando que a situação se alterou com a entrada do concelho de Ourém, distrito de Santarém, em 2016, na esfera do CHL.

Há um impacto desmedido, porque havendo no concelho de Ourém muitos lares, especialmente em Fátima, isso significa que há muitos utentes de terceira idade mais necessitados desse tipo de apoio, portanto o caminho que seguem hoje é para o hospital de Leiria e isso causa fluxos anormais, que efetivamente depois são complementados com as situações de crise pontuais”, explicou o autarca

Além do impacto do alargamento da esfera territorial, o CHL enfrenta um problema de “excesso de pessoas que caem nas urgências, onde cerca de 40% são situações que não deviam estar ali, podiam ser resolvidas noutros lados”. A situação deu origem ao “caos” no funcionamento do hospital de Leiria, referiu Raul Castro, defendendo que se deve evitar “a repetição de afluxos anormais que têm havido às urgências e que têm posto em causa a própria qualidade do serviço”.

Sobre a demissão do presidente do Conselho de Administração do CHL, Helder Roque, o presidente da Câmara de Leiria sublinhou que foi motivada pela falta de recursos no hospital. “Foram prometidos apoios no sentido de reforçar com recursos humanos, seja médicos, enfermeiros e algum pessoal auxiliar, coisa que não tem acontecido por aí além, não é em número que ele entende que sejam os necessários para dar resposta”, apontou.

Presidente do Centro Hospitalar de Leiria demite-se devido a falta de recursos

O autarca sublinhou que não basta dizer que o CHL passa a acolher utentes ou necessidades de concelhos periféricos, se depois não houver “uma resposta adequada para manter essa qualidade de serviço”, que “era uma marca” do hospital.

Segundo Raul Castro, a ministra da Saúde ficou “sensibilizada com a realidade que, infelizmente, se passa em Leiria”. Neste sentido, o autarca manifestou-se confiante em que Marta Temido vá tomar decisões adequadas para “tentar mitigar” os problemas existentes no CHL pelo “interesse de todos os leirienses, especialmente, e das populações periféricas”.

Ministra, Ordem e Sindicato vão ao parlamento explicar “a situação caótica do hospital de Leiria”

A ministra da Saúde, a Ordem dos Médicos e o Sindicato Independente dos Médicos vão ao parlamento explicar a situação que se vive no hospital de Leiria, sendo também ouvido o conselho de administração.

A comissão parlamentar de Saúde aprovou esta quarta-feira por unanimidade um requerimento do PSD que pedia a audição da ministra Marta Temido “para dar explicações sobre a situação caótica do hospital de Leiria”. Na mesma ocasião, os deputados aprovaram também por unanimidade um requerimento do PS que pedia que fosse igualmente ouvido o conselho de administração do hospital.

Entretanto, o PSD considerou que devia também ser ouvido o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), por ser a estrutura que tem suscitado e denunciado várias situações referentes ao hospital de Leiria. Em contraponto, o PS entendeu que, se iria ser ouvido o Sindicato Independente dos Médicos, devia também ser chamada a Ordem dos Médicos para uma audição.

No final de fevereiro, o SIM manifestou a sua preocupação pela “situação dramática” em que se encontra o hospital de Leiria, com aumento de doentes e falta de capacidade de resposta. O alerta surgiu numa altura em que chefes de equipa de urgência de medicina interna teriam apresentado a sua demissão, segundo a secção regional do Centro da Ordem dos Médicos. O SIM denunciou também que a produção cirúrgica prevista para março no Hospital de Santo André foi reduzida em 50% por falta de recursos humanos.

Artigo atualizado às 19h24 de quarta-feira