A obra-prima de Gabriel Garcia Márquez, Cem Anos de Solidão, vai ser transformada numa série, em espanhol, com produção da Netflix. O romance, que já vendeu mais de 50 milhões de cópias, nunca tinha sido adaptado quer para o cinema quer para a televisão.

A série vai ser produzida na Colômbia, com a produção executiva dos dois filhos do autor, Rodrigo Garcia e Gonzalo García Barcha. Gabriel Garcia Márquez, que recebeu o Prémio Nobel da literatura em 1972, morreu em 2014. Rodrigo Garcia explicou ao The Verge que o romancista se tinha recusado a vender os direitos de adaptação de Cem Anos de Solidão até à sua morte: “Durante décadas o nosso pai estava relutante quanto a vender os direitos para Cem Anos de Solidão porque sentia que o calendário de produção de um filme nunca lhe faria justiça e que teria de ser produzido em espanhol”.

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O romancista, avança o The New York Times, duvidava que a vasta narrativa do livro coubesse numa ou até em duas longas-metragens. Por isso mesmo, várias propostas anteriores foram recusadas por Gabriel Garcia Márquez e os herdeiros. O formato episódico terá permitido que a Netflix ultrapassasse esse impedimento.

Estamos na era de ouro das séries“, acrescentou o filho do autor, sublinhando que “o nível de talento de escrita, realização e qualidade cinematográfica torna esta a altura perfeita” para iniciar a adaptação de Cem Anos de Solidão. O vice-presidente das produções em língua espanhola do Netflix, Francisco Ramos, reforçou a importância da garantia de qualidade: “É uma grande responsabilidade sermos confiados com a primeira adaptação de Cem Anos de Solidão, uma histórica icónica e intemporal da América Latina”.

Ao ser produzida em espanhol, a série quererá replicar os modelos de sucesso do filme “Roma” e da série “Narcos”, da mesma plataforma de streaming. “O serviço da Netflix foi dos primeiros a provar que as pessoas estavam mais do que dispostas a ver séries produzidas em línguas estrangeiras com legendas. Tudo o que era um problema parece ter desaparecido”, justificou Rodrigo Garcia ao New York Times.

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Não é público o valor pago pela Netlix pelo direitos do livro, nem quem será responsável por escrever a série ou representar as personagens, mas Francisco Ramos garantiu que a empresa se tinha comprometido a trabalhar com talento da América Latina, naquilo que é “a história dos 100 anos” que “deram forma” ao continente, das “ditaduras à criação de novos países, passando pelo colonialismo”. A narrativa, tal como no original, promete ser “mágica e importante para a Colômbia e toda a América Latina, mas de interesse universal”.