O Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, desmentiu e considerou “falsidades” as afirmações que surgem em relatórios desclassificados dos serviços de informações sobre o seu passado, incluindo a proximidade com organizações comunistas.

“Há muitas coisas inventadas. Por exemplo, diz-se que era membro do partido comunista quando fui diretor do INI [Instituto Nacional Indigenista] e que apoiava e financiava esse partido”, disse o chefe de Estado em conferência de imprensa no Palácio Nacional.

López Obrador, líder da formação de esquerda Movimento de Regeneração Nacional (Morena), sublinhou que “não era militante do partido comunista, mas apoiava combatentes sociais”.

Denunciou ainda a atuação dos serviços de segurança do Estado, que cometeram “grandes injustiças por rotularem combatentes sociais” e opositores, e por esse motivo “muita gente foi reprimida”.

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“Nunca mais a um regime autoritário que persegue as pessoas pelas suas ideias e militância partidária”, reclamou o Presidente, que ordenou o encerramento do Centro de Investigação e Segurança Nacional (Cisen) após assumir a Presidência em 01 de dezembro.

Na sexta-feira, o Presidente anunciou a abertura dos arquivos da Polícia federal e dos diversos organismos dos serviços de informações que atuaram no país nos últimos 100 anos.

Na quarta-feira anterior, o diário El Universal publicou um relatório da extinta Direção Federal de Segurança (DFS) sobre as atividades de López Obrador entre 1980 e 1983, quando era delegado do INI e dirigente do Partido Revolucionário Institucional (PRI, então no poder), no Estado de Tabasco (sudeste).

“Pediram-me que o meu relatório se mantivesse reservado porque sou Presidente, mas não tenho nada a esconder”, disse López Obrador.

As atividades dos serviços de informações terão concluído que membros do Partido Socialista Unificado do México (PSUM) acreditavam que Obrador pretendia “tornar o PRI mais progressista e revolucionário”.

Os documentos também assinalam que Obrador se rodeou, quando dirigia o INI, de membros do Partido Mexicano dos Trabalhadores (PMT) e do Partido Comunista Mexicano (PCM).

López Obrador dirigiu o PRI em 1983, participou na fundação do Partido da Revolução Democrática (PRD, esquerda), e em 2000 foi eleito para chefe de governo do Distrito Federal, atualmente Cidade do México.

Após ser derrotado nas presidenciais de 2006 e 2012 — as primeiras com graves suspeitas de fraude eleitoral –, Obrador venceu em 01 de junho de 2018 o escrutínio para a Presidência do México com o Morena, a sua nova formação política.

López Obrador também se pronunciou sobre os dados divulgados pela OCDE e que diminuíram em 0,5 pontos percentuais a previsão de crescimento do México para 2019 e 2020, respetivamente até 2% e 2,3%.

“A economia vai bem, há estabilidade económica e financeira e estarmos a crescer e a criar emprego”, frisou Obrador, que manifestou confiança num futuro prometedor para o México porque tem atualmente “um bom Governo”.