Sydney Leroux já representou a seleção norte-americana de futebol feminino em 77 ocasiões, marcando 35 golos, foi medalha de ouro em 2012 nos Jogos Olímpicos de Londres, campeã do mundo em 2015 e faz parte de uma geração de jogadoras dos Estados Unidos que tem contribuído para o evoluir da modalidade no resto do mundo, ao lado de nomes como Carli Lloyd, Megan Rapinoe ou Alex Morgan. A avançada de 28 anos, que até nasceu no Canadá mas tem dupla nacionalidade, é uma das jogadoras de futebol mais populares nos Estados Unidos e um dos nomes assíduos nas convocatórias de Jill Ellis. Esta semana, porém, mereceu atenção por outro motivo.

Na passada segunda-feira, Leroux decidiu anunciar aos milhares de seguidores que tem nas redes sociais que tinha regressado aos treinos para integrar a pré-época do Orlando Pride, onde é colega de equipa da brasileira Marta. A publicação não teria nada de especial a apontar se não existisse um pequeno grande pormenor: a norte-americana está grávida de cinco meses e meio. Sydney Leroux, que é casada com o também jogador de futebol Dom Dwyer (agora colega de Nani no Orlando City) havia tornado público no passado mês de novembro que estava grávida do segundo filho, depois de ter tido Cassius em setembro de 2016. “Não achei que iria estar a começar a pré-época grávida de cinco meses e meio mas aqui estamos”, escreveu a avançada, partilhando também duas fotografias onde é bastante visível a já evidente barriga.

Os comentários nas redes sociais sucederam-se e as fotografias de Sydney Leroux a treinar grávida tornaram-se rapidamente virais. Esta terça-feira, um dia depois da publicação original, a jogadora norte-americana decidiu responder às críticas, aconselhar as mulheres que lhe pediram ajuda e ainda garantir que está a ser acompanhada por especialistas. “Só faço coisas sem contacto. Trabalho com bola. Toques. Não me coloco em situações em que a bola pode fazer ricochete ou posso ser atingida. Nada de corrida de alta intensidade e ouço a minha obstetra (que sabe mais do que as pessoas no Twitter que andam a dizer-me aquilo que não devia estar a fazer com o meu corpo)”, explicou Leroux, que depois criticou ainda as “pessoas ignorantes” que a criticaram. “99% daqueles que criticaram o meu treino foram homens. Até empurrarem um bebé para fora da vossa vagina precisam de deixar passar esta. Eu não jogo pelo dinheiro, jogo porque isso me traz alegria”, acrescentou, deixando perceber que terá sido acusada de estar a treinar para não perder dinheiro.

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Em novembro, o anúncio da segunda gravidez de Sydney Leroux teve especial relevância nos Estados Unidos porque, apenas um mês antes, a jogadora do Orlando Pride tinha revelado também no Twitter que tinha sofrido um aborto espontâneo já depois de ter o primeiro filho. “Perdi um bebé há alguns meses. Olhei com ingenuidade para a dor que tudo isto causava. Houve um momento, quando estava de repouso absoluto, em que achei que a dor emocional me podia matar. (…) Na segunda metade da época, quando não joguei por estar ‘lesionada’, na verdade estava a perder o nosso bebé. Odiei não poder falar sobre isso. Odiei sentir que não podia porque tinha uma sensação de vergonha e embaraço”, confessou a avançada de 28 anos.

A decisão de Sydney Leroux de regressar aos treinos enquanto grávida de cinco meses e meio trouxe muitas críticas mas também muitas mensagens de apoio, não só de anónimos como de colegas de equipa e profissão. Alex Morgan, colega da avançada tanto no clube como na seleção, garantiu que estava “orgulhosa” por ser colega de equipa de Leroux e Kyle Walker, lateral direito do Manchester City, partilhou uma fotografia sua e escreveu: “Pensava eu que jogar com cãibras era difícil”.