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Tadic, o sérvio que orquestrou o assalto a uma Casa de Papel chamada Bernabéu (e teve nota 10 do L'Équipe)

Este artigo tem mais de 5 anos

Sentiu as pressões do futebol sérvio, passou pela Premier League, conheceu realidade holandesa. Tadic foi o destaque do Ajax na goleada ao Real e o L'Équipe atribuiu-lhe nota máxima (como a Messi).

Dusan Tadic, com um golo e duas assistências, foi a figura maior na vitória (4-1) do Ajax frente ao Real Madrid
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Dusan Tadic, com um golo e duas assistências, foi a figura maior na vitória (4-1) do Ajax frente ao Real Madrid

Getty Images

Dusan Tadic, com um golo e duas assistências, foi a figura maior na vitória (4-1) do Ajax frente ao Real Madrid

Getty Images

“Um jogo perfeito”, “autor de gestos deliciosos”. Estas foram as expressões escolhidas pelo L’Équipe na atribuição da nota máxima a Dusan Tadic pela exibição desta terça-feira, no Santiago Bernabéu, frente ao Real Madrid. Uma nota máxima que o jornal francês não costuma atribuir muitas vezes. Antes do sérvio, apenas alguns jogadores mereceram o 10/10, casos de Messi (por duas vezes), Salenko, Neymar ou Lewandowski (ou o ex-portista Carlos Eduardo). Duas assistências, um golo e a exibição de gala da noite na goleada (4-1) ao Real Madrid fizeram com que os holofotes se centrassem no número 10.

O sérvio era um homem visivelmente feliz no final do jogo. E não era para menos. Afinal, o Ajax acabara de eliminar o tricampeão europeu, que já não era afastado nos “oitavos” da liga milionária desde 2010 (primeiro ano de Ronaldo, seguindo-se quatro vitórias e quatro presenças nas meias) e que não caía nas provas europeias depois de ganhar na primeira mão por 2-1 desde 1995. Dos múltiplos adornos de Tadic no Bernabéu, a jogada da assistência para o segundo golo merece destaque. O médio ofensivo rodou sobre Casemiro e assistiu David Neres que contornou Courtois e colocou os holandeses na frente da eliminatória. A finta ou “roleta” de Zidane foi relembrada por Tadic no mesmo estádio onde o francês a imortalizou. E não foi uma coincidência. Tadic é um confesso admirador do antigo treinador e jogador do Real Madrid e o “truque” foi estudado. “O Zidane sempre foi o meu jogador favorito. Quiçá, posso ter visto demasiados vídeos dele”, admitiu no final do jogo.

Com o golo marcado, Tadic tornou-se o segundo jogador da história do Ajax a acertar seis vezes na baliza numa só edição da Liga dos Campeões. O primeiro a consegui-lo foi Jari Litmanen. O finlandês marcou seis golos na época em que o Ajax foi campeão europeu, em 1994/1995 e, no ano seguinte apontou nove golos na caminhada que terminou com os holandeses como vice-campeões. Com a presente edição em andamento, Tadic ainda pode igualar – e, possivelmente, ultrapassar – Litmanen, que é o melhor marcador da história do clube de Amesterdão na Champions, com 20 golos. Caso consiga repetir o registo de nove golos numa só edição, para além de igualar o feito do antigo avançado finlandês, alcança também a marca de Patrick Kluivert que, com os mesmo nove golos, é o segundo melhor marcador dos lanceiros na prova milionária.

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Da Sérvia à Premier League, com uma primeira passagem pela Holanda

Dusan Tadic, com 30 anos, já não é uma jovem promessa. Natural de Novi Sad, no norte da Sérvia, o jogador foi lançado em 2006, com apenas 18 anos, pelo FK Vojvodina. O clube, fundado em 1914, está longe de ser o mais titulado do país. O seu museu conta com dois Campeonatos da antiga Jugoslávia (1966 e 1989), uma Taça Intertoto (1975) e, mais recentemente, uma Taça, conquistada em 2014. Na Super Liga Sérvia, o Vojvodina não tem o mesmo poderio ou os títulos de conjuntos históricos como o Estrela Vermelha ou o Partizan, ambos de Belgrado. Apesar de serem clubes mais recentes (fundados em 1945), já contam com museus mais preenchidos. O Partizan foi campeão sérvio em oito ocasiões e o Estrela Vermelha, para além de quatro ligas sérvias, conta com uma Liga dos Campeões no currículo, conquistada em 1991. Os dois clubes disputaram Dusan Tadic, mas o presidente do seu clube nunca deixou que saísse de Vojvodina, segundo contou ao The Guardian, em 2014.

Apesar de nunca ter representado um campeão sérvio, Tadic não guarda ressentimentos e tem boas recordações da passagem pelo Vojvodina. “Novi Sad é uma cidade linda e o clube era muito bom. É uma das melhores academias da Sérvia”, admitiu à mesma publicação inglesa. Em quatro anos, Dusan Tadic vestiu a camisola do FK Vojvodina mais de 100 vezes e marcou 31 golos. Mas o futebol sérvio e a pressão que lhe está associada era demasiado intensa. “Existe muita pressão por parte dos adeptos. Eles vêm e batem nos jogadores. Depois não te pagam a tempo e tens de lutar pelo teu dinheiro. Com isso não pensas, não estás apenas concentrado no futebol”, admitiu Tadic na referida entrevista.

Pressão essa que pode ter ajudado na decisão de mudar de ares. Em 2010, já com 21 anos, Tadic teria a primeira aventura fora da Sérvia. O Groningen, da Holanda, mostrou-se interessado no médio ofensivo sérvio e comprou-o ao FK Vojvodina. Duas épocas bastaram para que o internacional voltasse a dar mais um passo na carreira. Os 14 golos em duas temporadas no clube do norte do país despertaram a atenção do Twente e, sem sair da Eredevise, Tadic assinou por um clube mais titulado. Passar duas temporadas em cada clube parecia um hábito e, após mais um par de anos produtivos com a camisola do conjunto de Enschede (32 golos em 85 partidas), a Holanda tornou-se pequena para o sérvio.

Tadic apontou 32 golos em dois anos, ao serviço do Twente (Getty Images)

Em 2014 chegava a chamada mais aguardada por um jogador de futebol: a Premier League. Porta de entrada? Southampton. O clube inglês pagou mais de 12 milhões de euros para contar com o sérvio nas suas fileiras. Era a primeira contratação de Ronald Koeman ao comando dos saints. Tadic chegava ao futebol britânico com referências: Thierry Henry e a equipa “incrível” do Arsenal que foi a última a sagrar-se campeã com Wenger no comando. Bem referenciado, o médio ofensivo começou a impressionar na maior cidade portuária do sul de Inglaterra, tanto que Koeman pediu ao jogador para ser mais “egoísta”. “A minha cabeça está sempre levantada e se vir algum jogador melhor posicionado, passo-lhe a bola automaticamente. Sei que, por vezes, é melhor baixar a cabeça e rematar”, confessou ao The Guardian.

As duas primeiras temporadas no Southampton foram de novo proveitosas e, no mercado de inverno da época de 2016/17, o agente de Tadic deixou a pista de que o sérvio podia estar a caminho de uma das maiores equipas da Premier League, afastando os rumores provenientes da China, o El Dorado da Ásia que cativava alguns grandes nomes. “Acabámos de rejeitar uma oferta da China. O Dusan vai continuar a sua carreira num dos cinco melhores clubes de Inglaterra”, disse o agente a um órgão noticioso sérvio. O The Times chegou a dar como certa a mudança para o Liverpool no verão de 2017 mas, tal como no inverno, não houve fumo branco e Tadic prosseguiu a carreira no Southampton por mais duas épocas.

No Southampton, Tadic partilhou balneário com Cédric Soares e José Fonte. Foto: Getty Images

O regresso à Holanda pela porta grande

Depois de duas temporadas condizentes com o estatuto que o fez chegar à Premier League, Tadic tirou o pé do acelerador. Os últimos dois anos no Southampton foram intermitentes. Na terceira época, o sérvio apenas apontou três golos, naquela que foi ainda a primeira época em que deixou de ser médio e subiu no terreno. Apesar de ter melhorado o registo na quarta época, acabaria por mudar de ares mais uma vez. Em declarações ao site italiano Calciomercato, o agente confessou que AC Milan e Roma estiveram interessados em contratar o internacional balcânico ao Southampton, mas o jogador preferiu rumar a um país que conhecia bem. No verão do ano passado, Dusan Tadic foi confirmado no Ajax. O clube de Amesterdão continuava com boas referências da passagem do sérvio por Groningen e Twente e não faltou pompa e circunstância nos valores: tornou-se o quarto jogador mais caro da história do clube, que pagou mais de 11 milhões de euros.

À partida, a mudança não requereria um largo período de adaptação. Tanto o país como o futebol eram velhos conhecidos de Tadic, que confessou ter tremido quando recebeu a chamada do Ajax. “Não tinha que deixar Inglaterra, mas o Ajax é o Ajax. É um dos dez maiores clubes do mundo. Já jogaram tantos grandes jogadores aqui, que até me arrepio quando penso sobre isso”, confessou à revista holandesa ELF Voetbal. Na hora de assinar pelo clube de Amesterdão, nem Johan Cruyff foi esquecido, já que o sérvio escolhia encarnar no holandês quando jogava nas ruas da Sérvia. “Sempre fui Johan Cruyff. Era o meu ídolo, apesar de nunca o ter visto jogar”, disse à mesma publicação sobre o mítico número 14 de Ajax… e Barcelona.

Em Amesterdão, reencontrou Ronald Koeman, que o levara para Southampton quatro anos antes. Nem uma época passou e Tadic já ameaça escrever o seu nome nos livros de história do Ajax: em 40 jogos, Dusan já leva 26 golos e 15 assistências. Números que não passaram despercebidos… até na China. Pela segunda vez na sua carreira, o sérvio foi associado ao El Dorado asiático. Desta feita, o Ajax terá alegadamente recusado uma oferta de 25 milhões de euros no mercado de inverno provenientes desse país. A julgar pela exibição frente ao Real Madrid, os responsáveis holandeses não podem estar arrependidos.

Dusan Tadic é um dos grandes porta-estandartes do Ajax, que procura reconquistar o título holandês que lhe foge desde 2014. O clube de Amesterdão está ainda a cinco pontos do PSV, mas com um jogo a menos. Mesmo que não reconquistem a liga holandesa já este ano, a prestação na Liga dos Campeões pode servir de atenuante. Com a goleada imposta ao Real Madrid, os adeptos holandeses também vão sonhando com a reconquista da Liga dos Campeões, prova que o clube já venceu por quatro ocasiões.

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