O presidente da Câmara de Oleiros disse esta quinta-feira que o Governo se recusa a indemnizar a família do trabalhador da autarquia que morreu a combater o incêndio de 2017 e aconselha esse funcionário a recorrer à via judicial.

Quando eu pensava que a situação estava resolvida veio uma carta para a qual não tenho explicação. Não tem razão de ser. Eu envergonho-me de ser português com um primeiro-ministro que faz uma discriminação negativa com uma família pobre como ele fez”, afirmou à agência Lusa, o presidente do município local, Fernando Marques Jorge.

O autarca tinha pedido uma indemnização para a família de um trabalhador da Câmara de Oleiros, de 50 anos, que morreu quando combatia um incêndio que deflagrou naquele concelho do distrito de Castelo Branco, no dia 7 de outubro de 2017.

Fernando Marques Jorge explicou que quando pensava que o processo indemnizatório estava bem encaminhado e que iria ter um final justo, recebeu uma carta do chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Costa, a dar como solução, o recurso à via judicial para processar o Estado português.

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A carta veio na segunda-feira, do chefe de gabinete do primeiro-ministro e diz que se a família entender, que recorra à via judicial e que ponha o Estado português em tribunal se entender que tem razão. Esta é a coisa mais vergonhosa que já vi. Do ponto de vista politico, nunca tinha visto nada assim”, afirmou.

O presidente da autarquia adiantou que vai utilizar todos os meios que tem ao seu alcance para repor a justiça neste processo, recordando que o trabalhador da Câmara de Oleiros, foi o único funcionário que morreu em 2017, a combater um incêndio.

A Câmara de Oleiros pediu que a família do trabalhador fosse ressarcida com os mesmos apoios das restantes vítimas dos incêndios e enviou cartas ao Presidente da República, Provedoria de Justiça e ao primeiro-ministro.

O autarca, que nunca tinha tido qualquer resposta do Governo sobre o assunto, apesar das várias cartas enviadas, recebeu, em janeiro, uma resposta do gabinete do primeiro-ministro, António Costa, a explicar que o processo estava nas mãos do secretário de Estado das Autarquias Locais.

À data, Fernando Marques Jorge mostrou-se otimista e disse esperar que a família do trabalhador fosse indemnizada nas mesmas condições que foram as famílias das pessoas que morreram nos incêndios de 2017.

A Câmara de Oleiros, por unanimidade, aprovou um apoio aos dois filhos do trabalhador, ambos a estudar, um em Oleiros e outro na Universidade de Coimbra.

O apoio prestado aos dois órfãos é na área da alimentação, das propinas, do alojamento e do material escolar enquanto eles estiverem a estudar.