Os acontecimentos e notícias em torno de guerras antigas, problemas financeiros ou dúvidas levantadas pela auditoria forense foram-se sucedendo em efeito de bola de neve mas, para José Maria Ricciardi, candidato derrotado nas eleições de setembro do Sporting, houve um ponto limite: a conferência de imprensa promovida pela Direção dos leões onde o presidente, Frederico Varandas, fez uma radiografia do clube e da SAD, da parte desportiva aos números mais económicos. E chegou mesmo a estar agendada uma posição pública para uns dias depois, a 26 de fevereiro. A mesma acabaria depois por ser adiada.

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A propósito das razões que levaram a essa inversão, foi comentado que o banqueiro teria viajado para o estrangeiro para manter algumas reuniões com possíveis investidores e parceiros para o Sporting, nomeadamente nos Estados Unidos. Esta quarta-feira, duas semanas depois, Ricciardi abordou a atual situação dos verde e brancos em entrevista ao jornal Record e mostrou-se preparado para apresentar um plano B ao rumo que tem sido levado nos últimos meses pelo elenco que sucedeu à Direção de Bruno de Carvalho (tendo pelo meio ainda a Comissão de Gestão, entre junho e setembro).

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“Consegui reunir meios. Tenho 200 milhões de euros para o Sporting. Não vou dar pormenores porque não posso e neste momento não sou absolutamente nada a não ser alternativa. Se os sócios entenderem que devo tomar conta do clube, garanto que tenho essa solução”, destacou o antigo vogal e vice do Conselho Fiscal e Disciplinar e membro do Conselho Leonino, admitindo apenas que se tratam de fundos “estrangeiros”. “Com este dinheiro proponho trazer um grande treinador, que já tenho apalavrado, e seis ou sete jogadores indiscutíveis. Jorge Jesus? Há duas alternativas, um é português, outro não. Contratar Marcel Keizer foi um erro total”, frisou, antes de criticar a política de contratações da SAD no mercado de inverno.

“Não paga um único jogador para trás, quem tem prestações em atraso com V. Guimarãs, Sp. Braga, Racing… Só os emprsários todos juntos são quase 25 milhões. Um clube destes vai contratar e gastar mais de dez milhões de euros? Para a frente? Quando não tem um tostão? Na altura o doutor Varandas respondeu que problemas financeiros era para o lado que dormia melhor. Agora pergunto-lhe diretamente: continua a dormir bem? Parece que não…”, atirou, entre críticas diretas ao atual líder leonino: “O doutor Varandas deverá perceber de medicina, de futebol, finanças e gestão percebe bola. Foi estagiar para a Direção do Sporting. Disse que o circo tinha acabado mas acho que o circo agora está como nunca. Diziam que não havia herança nenhuma, que estava tudo lindamente. Os sócios têm razões mais do que suficientes para estarem fartos do ano zero”.

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Na entrevista ao Record, José Maria Ricciardi voltou a colocar muito enfoque na vertente financeira, um pouco à semelhança do que já tinha acontecido durante as últimas eleições, mas fez questão de dizer que é apenas uma alternativa até que exista um novo sufrágio – vontade que pertence aos sócios, a não ser que a própria Direção avance nesse sentido.

“O problema era complicado, dramático mesmo, e isto só mostra a total impreparação e incompetência do conjunto de estagiários e amadores que elegemos para o Sporting. Eles nem sabiam ao que iam e agora dizem que é um drama. Passado um mês das eleições, o Sporting já estava em pré-insolvência e caiu-me tudo em cima. Gostava de não ter acertado mas acertei. Agora está à beira da insolvência. Deve dinheiro a toda a gente, não pagou metade do Pavilhão. É um filme de terror. O empréstimo da Apollo vai custar ao Sporting cinco milhões de euros por ano. Mau negócio? Péssimo. Estamos a hipotecar o futuro sem dar nenhuma solução ao Sporting. Vamos pagar dívidas e salários e daqui a seis meses estamos na mesma”, disse.

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“Eleições? Não vou provocar nada. Se a Direção tivesse grande sportinguismo e elevação, devia demitir-se. Se achar que não, devia ser o presidente da Mesa da Assembleia Geral, ele próprio, a provocar a demissão. Caso contrário, caberá aos sócios decidir. Mas os 15% [das eleições] não me retiram autoridade para dizer que tudo o que disse que ia passar-se, está a passar-se”, salientou, concluindo: “Não estou em campanha, estou preparado para pôr o Sporting no lugar que lhe é devido”.

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