O chefe da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, afirmou esta quinta-feira que há suspeitas do envolvimento de um adolescente de 17 anos no planeamento do tiroteio numa escola brasileira, aguardando autorização para a detenção do jovem. “A terceira pessoa [envolvida] é um adolescente. A detenção já foi sugerida ao juiz da Vara da Infância e da Juventude e o material relacionado com a participação dele já foi recolhido”, declarou Ferraz Fontes, citado pelo portal de notícias G1.
Na quarta-feira, dois jovens entraram numa escola nos arredores de São Paulo e mataram cinco alunos e duas funcionárias. Antes, mataram um comerciante de automóveis. Os autores do crime, ambos ex-alunos do estabelecimento de ensino, foram encontrados mortos no interior da escola.
O chefe da Polícia do Estado brasileiro de São Paulo acrescentou que “aguardam a manifestação da Justiça” para fazerem a detenção do terceiro elemento supostamente envolvido no tiroteio. Segundo o G1, as suspeitas relativas a um terceiro envolvido partiram do proprietário do espaço onde os atacantes estacionaram o automóvel. “Ainda não confirmámos a informação, estamos a submeter a fotografia do adolescente ao responsável pelo estacionamento para confirmar. Temos outros dados que fazem crer que esse indivíduo participou, pelo menos, na fase de planeamento”, frisou Ruy Ferraz Fontes.
Segundo o chefe da polícia, o reconhecimento pela comunidade terá sido o motivo a desencadear o ataque. “Esse foi o principal objetivo, não tinham outro. (…) Não se sentiam reconhecidos, queriam demonstrar que podiam agir como em Columbine, com crueldade”, referiu o agente da polícia, referindo-se ao massacre em 1999, quando dois alunos mataram 12 colegas e um professor numa escola norte-americana, suicidando-se em seguida.
As vítimas mortais são cinco rapazes, com idades entre os 15 e 17 anos, uma funcionária de 38 anos e uma coordenadora pedagógica de 59. Estavam todos no interior da escola. Também um comerciante de automóveis de 51 anos, tio de um dos autores dos disparos, foi assassinado antes de aqueles terem entrado na escola. “Ele estava a sentir-se pouco valorizado, apesar do tio o ter contratado para trabalhar na empresa, mas ter de o demitir porque ele estava a praticar pequenos furtos”, explicou o chefe da Polícia.
A relação da internet com o ataque
Segundo a polícia a investigação mostra que os atacantes não pretendiam atacar outras escolas e Ruy Ferraz Fontes também não quis revelar de que forma é que a comunicação era feita. “Não vamos revelar como era feita a comunicação. Posso indicar que a maioria das conversas deles eram pessoais e não através da internet”, adiantou Fontes.
Apesar da polícia afastar o cenário, o Ministério Público de São Paulo tenta apurar se houve mão de uma organização criminosa que opera na internet, mais precisamente na “deep web”. Ao portal de notícias G1, o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, diz ter informações sobre essa possibilidade. “Temos informações de que os assassinos comunicavam pela “deep web” com outras pessoas. Portanto, precisamos de verificar se há uma organização criminosa por trás da ação que cometeram”, disse Smanio.
O mesmo órgão adianta que o Minisério Público e a Polícia Civil estão a investigar essa possibilidade. Se estes dois órgãos chegarem à conclusão de quer o crime foi encomendado ou incitado por alguém na internet, essa pessoa ou grupo pode ser chamada a responder por organização criminosa ou participação no crime.
Os dois autores do crime foram identificados pela Polícia Militar como sendo Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos. A polícia investiga a possibilidade de um dos atiradores ter disparado mortalmente sobre o parceiro de crime aquando da chegada das autoridades ao local, tendo-se suicidado em seguida.