O número de pessoas que perderam o emprego no primeiro mês de 2019 na sequência de despedimentos registou uma subida homóloga de 22,5% para 397 casos, de acordo com os dados Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho.

Os despedimentos coletivos dados por concluídos em janeiro totalizaram 33, valor que compara com os 39 contabilizados no mesmo mês de 2018. Mas ainda que os processos tenham caído, o mesmo não sucedeu com o universo de trabalhadores afetados.

No arranque de 2018, os despedimentos coletivos concluídos no primeiro mês dão conta de que as empresas que os promoveram previam dispensar 348 trabalhadores e acabaram por despedir 324. Este ano, as intenções de despedimento chegaram a 401 pessoas e foram efetivadas em 397 casos.

Os dados disponibilizados pela DGERT também mostram que a maior parte destes despedimentos foi promovida por microempresas e por empresas de pequena e de média dimensão. Dos 397 trabalhadores visados, 72 eram de microempresas (que promoveram 15 despedimentos coletivos), e 155 de pequenas empresas. As empresas de média dimensão concluíram cinco despedimentos coletivos que abrangeram 162 pessoas – exatamente o número que previam dispensar. Estes dados contrariam também a situação registada em 2018 em que foram as grandes empresas a dispensar por esta via o maior número de colaboradores.

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Contrariando a tendência de quebra que começou a sentir-se em 2013 (ano em que os níveis de desemprego em Portugal registaram valores máximos) e se manteve até 2018, o primeiro mês deste ano trouxe também um aumento do número de despedimentos coletivos comunicados pelas empresas. Em janeiro de 2018, a DGERT registou a entrada de 25 intenções de empregadores para darem início a despedimentos coletivos, mas no mesmo mês de 2019 registou 30 comunicações.

João Cerejeira, professor na Universidade do Minho e especialista em questões laborais e de mercado de emprego, admite que a subida dos números no arranque de 2019 possa estar relacionada com os sinais de abrandamento da economia que começaram a sentir-se já na reta final do ano passado.

Os despedimentos coletivos têm um peso residual no total dos despedimentos, mas têm uma componente cíclica e esta subida pode ser já algum indício do abrandamento da economia até porque a criação de emprego também está a abrandar”, referiu.

Em declarações à Lusa, João Cerejeira referiu que o facto de serem as micro empresas e as de menor dimensão quem mais está a despedir também pode ser visto como um resultado do abrandamento que alguns setores já começaram a sentir, como os têxteis, nio qual o crescimento das exportações está a registar níveis mais baixos do que o observado nestes últimos anos. “Trata-se de um setor onde as empresas recorrem muito à subcontratação de microempresas e pode ter a ver com quebras de encomendas”, precisou o mesmo especialista.