Se há coisa que Marcel Keizer nunca fez desde que chegou a Alvalade em novembro, para substituir José Peseiro, foi alargar-se em palavras vãs e condescendentes que, de alguma forma, limitassem o período menos bom que o Sporting vivia. Vivia e, diga-se, continua a viver, já que à exceção do efeito imediato da troca do treinador os leões têm mantido ao longo da temporada uma certa consistência no que toca à falta de fulgor exibicional. Esta sexta-feira, contra o Santa Clara, o resultado voltou a ser bem melhor do que a prestação dentro de campo e o Sporting vai de fim de semana provisoriamente no terceiro lugar, com os mesmos pontos do Sp. Braga, e a cinco do Benfica e do FC Porto.

No final do jogo com a equipa açoriana, Keizer não fugiu à regra quando o jornalista o questionou sobre uma “segunda parte mais difícil depois de uma boa primeira parte”. “Não gostei da primeira parte, também. Estivemos a lutar contra nós mesmos, foi muito difícil. Gostei dos primeiros minutos, mas a partir daí foi a descer. O último passe foi como na semana passada. Não criámos oportunidades suficientes. Ganhámos mas não estamos satisfeitos”, explicou o técnico holandês, que apesar de atribuir mérito ao Santa Clara pela organização defensiva lembrou que é preciso reflexão porque a equipa “não está satisfeita”.

Com a vitória perante o conjunto açoriano, os leões somaram o terceiro resultado positivo consecutivo, algo que ainda não tinham conseguido no ano civil de 2019 e registo que iguala a melhor série de Marcel Keizer na Primeira Liga. O golo solitário de Raphinha — que foi o primeiro sofrido pelo Santa Clara no espaço de um mês –, igualou também a segunda época mais goleadora da carreira do ala brasileiro (2015/16, ao serviço do V. Guimarães B): que está, contudo, muito longo dos 18 golos apontados em 2017/18 pela equipa principal dos vimaranenses.

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Raphinha marcou com assistência do inevitável Bruno Fernandes (a 10.ª da temporada, menos quatro do que o recordista Pizzi), que mesmo não marcando e sem assinar uma exibição de destaque como tantas outras a que nos habituou, foi naturalmente importante naquilo que é o mecanismo de construção da equipa de Alvalade. O médio português, que esta sexta-feira também ficou a saber que foi novamente convocado por Fernando Santos para representar a Seleção Nacional (sendo o único jogador do Sporting a integrar a convocatória), considerou que os leões continuam a “pecar na finalização”. “Podemos fazer muitos mais golos. Encontrámos uma grande equipa, muito organizada defensivamente, com jogadores com qualidade e velocidade no ataque que nos podiam causar dificuldades. Ainda assim, acho que estivemos sempre bem, compactos. Podemos pressionar mais alto em relação aquilo que foi hoje, mas o mais importante era sair daqui com os 3 pontos, conseguimos e temos que estar satisfeitos por isso”, acrescentou Bruno Fernandes, que garantiu ainda que “o objetivo do Sporting não pode passar por ganhar 1-0”.