O chefe da diplomacia portuguesa afirmou esta sexta-feira que a ligação aérea regular Lisboa-Caracas, assegurada pela TAP, é “absolutamente essencial” para a política externa de Portugal, recordando a importância desta operação para a enorme diáspora residente na Venezuela.

O ministro, questionado sobre a informação de que a companhia aérea portuguesa irá realizar o voo de sábado previsto para a capital venezuelana, depois de ter cancelado a ligação de terça-feira por falta de condições operacionais no aeroporto de Caracas, sustentou que “o voo da TAP de Lisboa-Caracas é absolutamente essencial do ponto de vista da política externa portuguesa”, lembrando que na Venezuela há “uma enorme comunidade de portugueses e de luso-venezuelanos e a ligação aérea regular é uma das ligações mais importantes para essa comunidade”.

Augusto Santos Silva falava numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo espanhol, Josep Borrell, que hoje esteve em Lisboa para uma reunião de trabalho. “A TAP cancelou o voo esta terça-feira não por razões de segurança, mas por razões de condições de operação no aeroporto, isto é, o voo foi cancelado porque era tecnicamente impossível realizá-lo. Essas condições de operação foram retomadas e, portanto, o próximo voo, que é no próximo sábado será realizado”, acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa.

“Estando repostas as condições operacionais do aeroporto de Caracas, o voo agendado para amanhã [sábado] irá realizar-se como previsto”, disse fonte oficial da TAP à Lusa. Atualmente, a TAP realiza duas ligações semanais, uma às terças-feiras e outra aos sábados, para a Venezuela, país que atravessa uma intensa crise política. Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O encontro entre os dois chefes de diplomacia em Lisboa serviu para abordar vários temas no âmbito das relações bilaterais. Em declarações aos jornalistas, Josep Borrell indicou que um dos temas abordados foram as interconexões energéticas e ferroviárias entre os dois países, nomeadamente a questão da central nuclear de Almaraz, em Espanha (situada junto ao rio Tejo e na fronteira com os distritos portugueses de Castelo Branco e Portalegre) e a recente apresentação do plano de transição energética espanhol em Bruxelas.

Informei o ministro que Espanha já apresentou em Bruxelas o seu plano de transição energética que inclui o encerramento ordenado de uma parte importante do parque nuclear espanhol. E a primeira central será a central de Almaraz, que encerrará o seu primeiro reator em 2027 e o seu segundo em 2028″, declarou o ministro espanhol.

“Desta maneira vamos desmontando a estrutura nuclear fronteiriça e acredito que seja uma notícia que devo assinalar (…) que esta será a primeira central que encerrará as suas atividades neste prazo”, acrescentou.

Portugal chegou a apresentar uma queixa em Bruxelas contra Espanha depois de os Governos dos dois países não terem conseguido chegar, no final de dezembro de 2016, a acordo sobre a construção de um aterro nuclear na central de Almaraz.

A queixa acabou por ser retirada depois de um acordo patrocinado pelo executivo comunitário que previa a realização de um estudo de impacto ambiental transfronteiriço, em que o grupo de trabalho criado pelo Governo português considerou o projeto “seguro e adequado”.