O escritor português Gonçalo M. Tavares figura, com Julian Barnes, Dave Eggers e Enrique Vila-Matas, entre os mais de 130 participantes no festival Kosmopolis’19, que decorre de 20 a 24 de março, no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona. Marcam ainda presença neste encontro personalidades como a cientista Lisa Randall, o sociólogo Richard Sennett e o cineasta J.A. Baiona, de acordo com o programa da iniciativa.

Na sua décima edição, Kosmopolis apresenta um programa de cinco dias que, sob o lema “Os relatos que movem o mundo”, reunirá autores consagrados e novas vozes para tratar alguns dos “principais desafios da cultura e da literatura na sua conceção mais ampla”, explicou o diretor do festival, Juan Insua, à agência de notícias EFE.

“Kosmopolis é um espaço de referência para os temas e os nomes que vão marcar o mapa literário do futuro”, recordou a diretora do Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona (CCCB), Judit Carrera, também citada pela agência espanhola. O festival gira este ano em torno de relatos do século XXI, que tentam dar sentido ao mundo que criámos.

Juan Insua anunciou que será abordada a influência da física quântica na nossa conceção da realidade, que o tema dos feminismos será retomado, para se refletir sobre o ’empoderamento’ feminino em todos os âmbitos, e que serão analisados os dilemas éticos levantados pela evolução da inteligência artificial.

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A evolução da narrativa e os seus apoios será explorada no “Laboratório de Histórias”, que, sob o título “O mundo que move os relatos”, apresentará uma mostra de pequeno formato e um programa de atividades.

O festival abre com uma primeira ronda gratuita para o público, no dia 20, durante a qual o sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennett e o arquiteto catalão e curador da área de arquitetura de Serralves Carles Muro vão conversar sobre as transições do capitalismo. No mesmo dia, dois grandes nomes da literatura contemporânea distintos na estética e na proposta literária, o português Gonçalo M. Tavares e o espanhol Enrique Vila-Matas, vão dialogar sobre aquilo que têm em comum: “Rastreiam as pegadas do desaparecimento e da dissolução do tempo”.

A sessão inaugural termina com música do Jocelyn Pook Ensemble, liderada pela compositora e violinista britânica que dá nome ao grupo, responsável pelas bandas sonoras como “Gangs de Nova Iorque”, de Martin Scorsese, e “De Olhos Bem Fechados”, de Stanley Kubrick, realizador a quem o CCCB dedica uma exposição retrospetiva.

Esta edição do Kosmopolis terá as secções habituais, tais como os “Diálogos K”, com escritores consagrados que discutirão questões fundamentais da literatura e da atualidade, o campeonato europeu de “Poetry Slam”, e as “Noites Alfa”, com estreias de filmes relacionados com a literatura, e ainda apresentações e lançamentos de livros.

Um dos mais esperados “Diálogos K” é o que reúne o escritor britânico Julian Barnes e a jornalista Anna Guitart em torno de uma conversa sobre “O significado de uma história”. O autor canadiano de banda desenhada Simon Roy, o escritor e jornalista argentino Rodrigo Fresán, escritor norte-americano Dave Eggers, o cineasta espanhol Ray Loriga, a autora marroquina Najat El Hachmi, e a escritora sul-coreana, galardoada em 2016 com o Prémio Man Booker Internacional, são outros dos intervenientes esperados nos “Diálogos K”.

Uma das sessões, que envolvem a física Sonia Fernández-Vidal, o filósofo Joan Burdeus e o crítico de séries Victor Sala, dará a conhecer ao público a relação existente entre a física quântica e as séries, porque “quando alguém começa a escrever, seja sobre mafiosos, detetives ou publicitários, a física muda tudo”.