A ministra da Saúde reconheceu esta sexta-feira problemas na urgência do hospital de Leiria, manifestando-se preocupada com os relatos dos profissionais de saúde, adiantando que o Governo já está a tomar medidas.

Na comissão parlamentar de Saúde, a ministra Marta Temido começou por indicar que reconhece as dificuldades que foram expressas pelos profissionais de saúde que trabalham no serviço de urgência do hospital e admitiu que o reforço de pessoal nos últimos anos pode não ter sido suficiente para o aumento da área de influência do centro hospitalar.

“Tem tido problemas complexos nos últimos tempos relativamente ao serviço de urgência”, assumiu a ministra, apesar de considerar que “o Centro Hospitalar Leiria é um hospital que tem a sua credibilidade junto de entidades externas, com um reconhecimento significativo”.

Marta Temido considera que o hospital de Leiria teve nos anos mais recentes uma evolução que lhe trouxe “dores de crescimento”, sofrendo do “esforço meritório para ganhar diferenciação e se afirmar como hospital de maior referência”. A ministra reconheceu ainda que o reforço de profissionais pode não ter sido o suficiente para responder ao alargamento da área de influência dos utentes abrangidos pelo centro hospitalar, que passou 300 mil habitantes para 400 mil habitantes.

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Em resposta aos deputados, Marta Temido garantiu que estão já a avançar medidas para tentar resolver as dificuldades do hospital, sobretudo na urgência. Entre elas está o estudo sobre o alargamento da área de influência que ocorreu nos últimos anos, bem como o reforço da “governação clínica do hospital com um maior acompanhamento da tutela”.

Manifestando-se “muito preocupada” com a área de medicina interna, a ministra indicou que será reforçada a capacidade do hospital nesta área. A ministra assumiu ainda que o hospital de Leiria tem mostrado dificuldades de trabalho que o “tornam menos apetecível” a reter os profissionais.

A título de exemplo, indicou que nos últimos três anos o hospital apenas reteve metade dos médicos em concurso para recém-especialistas, quando a taxa de retenção de todo o Serviço Nacional de Saúde é de 80%. Sobre o pedido de demissão do presidente do conselho de administração do hospital, a governante disse que o Ministério ainda está a ponderar se o aceita e que solução tomará.

Antes da audição a Marta Temido, a comissão parlamentar de Saúde ouviu o presidente demissionário, Hélder Roque, que, contudo, recusou que a situação vivida na urgência do hospital de Leiria seja dramática ou caótica, apesar de reconhecer problemas pontuais.