Ao sair do túnel de acesso do relvado do Estádio Benito Villamarín, o reduto do Betis de Sevilha, o Barcelona sabia uma coisa a priori: em caso de vitória, ficaria com dez pontos de vantagem para o segundo classificado, o Atl. Madrid, e daria um passo praticamente decisivo rumo à conquista da Liga espanhola. Na conclusão de uma semana terrível da equipa de Diego Simeone, os colchoneros perderam com o Athl. Bilbao depois de serem eliminados da Liga dos Campeões por um hat-trick de Cristiano Ronaldo e desperdiçaram as já escassas possibilidades de chegar ao topo da classificação.

Lionel Messi, num pico de forma tremendo, encerrou ele próprio uma semana fantástica. Depois de marcar dois dos cinco golos que o Barcelona impôs ao Lyon, contribuindo em larga escala para a passagem dos catalães aos quartos de final da Liga dos Campeões (onde vão encontrar o Manchester United), o argentino confirmou o ótimo momento por que está a passar e abriu o marcador com um enorme golo de livre direto. O Betis, que tinha William Carvalho no onze inicial, procurou correr atrás do prejuízo e manteve-se a jogar com as linhas muito subidas, principalmente em busca de recuperações de bola em zonas perigosas, já que Ter Stegen, como é seu apanágio, foi muitas vezes a primeira peça do xadrez ofensivo blaugrana.

O capitão do Barcelona, que este domingo igualou Iniesta enquanto segundo jogador com mais jogos pelos catalães (674, ainda longe dos 767 de Xavi), aumentou a vantagem instantes antes da ida para o intervalo com um golo que mostrou o nível, a qualidade e as consequências do entendimento que tem com Luis Suárez. Depois de deixar a bola no uruguaio, Messi lançou-se em desmarcação e foi receber metros à frente, já nas costas da defesa do Betis e na cara do guarda-redes Pau López. Segundo golo do Barcelona, segundo golo de Messi e 38 jogos em 36 jogos para o avançado argentino.

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Na segunda parte, Suárez foi estranhamente perdulário e falhou dois golos praticamente feitos. Redimiu-se minutos depois, ao driblar totalmente sozinho três defesas do Betis e rematar para o terceiro do Barcelona quando chegou à baliza. Com este golo, o avançado igualou Diego Forlán enquanto melhor marcador uruguaio na Liga espanhola, com 128, e cimentou ainda o registo de terceiro jogador esta temporada a chegar aos dois dígitos em golos e assistências em Espanha (21 golos e 10 assistências, depois de Messi e Pablo Sarabia, do Sevilha). Nelson Semedo ainda saltou do banco de suplentes para substituir Arthur e o Betis acabou por chegar ao golo de honra, por intermédio de Loren, numa altura onde nem sequer estava a aproximar-se da área de Ter Stegen e se limitava a observar o Barcelona trocar a bola sem grande velocidade. Até ao final, Messi ainda assinou o melhor golo do jogo com um chapéu monumental de fora de área — que mereceu aplausos e vénias dos adeptos catalães mas também dos apoiantes do Betis.

Com esta vitória, o Barcelona está agora isolado na liderança da Liga espanhola com 10 pontos de vantagem para o segundo classificado. Na final da Taça do Rei, onde vai encontrar o Valencia, e único representante espanhol nos quartos de final da Liga dos Campeões depois das eliminações de Atl. Madrid e Real Madrid, a equipa de Leo Messi pode agora chegar a um triplete que não acontece desde 2014/15, quando ainda era Luis Enrique o treinador dos catalães. Triplete esse que, a confirmar-se, está em tudo relacionado com Madrid e vai derrotar os clubes da capital espanhola em toda a linha: o Barcelona pode ser campeão nacional à frente de Atl. Madrid e Real Madrid, pode vencer a Taça do Rei depois de ter eliminado o Real Madrid nas meias-finais e pode ainda conquistar a Liga dos Campeões no estádio do Atl. Madrid e colocar um ponto final a três épocas consecutivas em que foi o Real Madrid a levantar o maior troféu de clubes a nível europeu.