O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, utilizou hoje, durante um comício eleitoral, partes do vídeo gravado durante o massacre ocorrido em duas mesquitas na Nova Zelândia e que causou 50 mortos, noticiou hoje a agência Efe.

Durante um comício na cidade turca de Izmir, com vista às eleições locais de 31 de março, Erdogan interrompeu o seu discurso para projetar numa enorme tela montada no recinto mais de um minuto de imagens referentes ao ataque terrorista cometido por um cidadão australiano defensor da supremacia branca.

A exibição incluiu o momento em que o autor do atentado entra numa mesquita e dispara contra pessoas que estavam em oração na mesquita, imagens que o homicida transmitiu ao vivo pela rede social Facebook.

“Todos os líderes mundiais, todas as organizações, começando pelas Nações Unidas, consideram que foi um ataque contra o Islão e contra os muçulmanos, mas não o nomeiam, não dizem: ‘Ele é um terrorista cristão'”, criticou Erdogan.

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“Se eu fosse um muçulmano, eles diriam “terrorismo islâmico”, criticou ainda o presidente da Turquia, dirigindo-se aos países ocidentais, antes da exibição de partes do vídeo.

O australiano Brenton Tarrant, 28, de extrema-direita anti-muçulmano e anti-imigrante, foi detido após o ataque terrorista, o pior da história da Nova Zelândia.

As perturbadoras imagens que foram transmitidas em direto na conta de Facebook de Tarrant foram retiradas de grande parte das redes sociais, antes de ressurgirem agora no comício do líder turco, que estava a ser televisionado.

Segundo a revista Time, Erdogan continua a invocar o sentimento anti-muçulmano que, segundo o próprio, se sente por todo o mundo, como forma de galvanizar os seus apoiantes mais devotos, com isto tentando omitir a grande queda económica que tem afetado 82 milhões de turcos. A economia desta nação terá recuado de tal forma — conta a mesma publicação — que já terá alcançado no final do ano passado o patamar de recessão técnica por causa da queda do valor da lira, algo que também terá feito com que a inflação ficasse cinco vezes mais elevada que as projeções iniciais do governo, que apontavam para os 5%.

Tarrant terá visitado a Turquia por duas vezes em 2016, tendo passado 43 dias, no total, em solo turco. Erdogan já jurou “desmascarar o que esyeva a fazer em breve”.