Um pombo de corrida vale, em média, 2.200 euros, pelas contas da BBC. O dono de Armando, Joel Verschoot, sabia que tinha um pombo especial — o ex-campeão mundial devia valer-lhe entre 350 e 440 mil euros. Mas dois licitadores chineses disputaram o pombo em leilão durante mais de uma hora, até o preço chegar a um milhão e duzentos mil euros, triplicando o valor mais alto alguma vez pago por um pombo de corrida (o recorde anterior era de 331 mil euros, pela Nadine, em 2017).

Armando, criado na Bélgica, é considerado um dos melhores pombos de corrida de sempre — justificando o rótulo de “Lewis Hamilton dos pombos”. Reformado desde o início de 2019, com cinco anos, Armando conquistou todas as últimas três corridas em que participou (Ace Piegon Championship 2018, as Olímpiadas Columbófilas 2019 e o Angoulême 2019). O pombo deixou então o desporto como campeão mundial e recordista belga de longa distância.

O novo dono, Xing Wei de acordo com a CNN, deverá usar Armando não para correr mas para procriar. Os filhos de Armando, se bem treinados, poderão ter as características genéticas para ser muito bem sucedidos no desporto dominado pelo pai. O criador de Armando vendeu sete descendentes do pombo-recorde no mesmo leilão, a uma média de 70 mil euros por pássaro.

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As corridas de pombos são um desporto com popularidade crescente, particularmente no Médio Oriente e na China. Só em Pequim 90 mil criadores de pombos registados. O Taiwan, país cuja independência não é reconhecida pela China, tem dois a três milhões de pombos de corrida.

Os animais são levados a concursos nacionais e internacionais onde podem conquistar prémios das dezenas à centenas de milhares de euros. Nos Estados Unidos da América as apostas ilegais em corridas de pombos valem 13 milhões de euros por ano. As corridas variam em distância (de 100 a mil quilómetros) e são decididas por diferenciais de segundos entre os primeiros classificados, já que os pombos voam consistentemente a velocidades entre 97 e 160 quilómetros por hora.

O desporto começou na Bélgica durante o século III, mas o formato moderno de corrida só se estabeleceu no século XIX, sendo criada uma raça específica de pombos de corrida — o Racing Homer. Um pombo bem treinado pode competir desde os seis meses até aos dez anos de idade, sendo raro qualquer um dos extremos, até porque muitos pombos morrem durante as corridas (caçados por aves de presa, feridos em tempestades ou magoados ao bater em prédios e antenas enquanto voam a alta velocidade).

Em Portugal existem 4,5 milhões de pombos correio — não necessariamente utilizados para competição. De acordo com a Federação Portuguesa de Columbofilia as corridas de pombos são o segundo desporto mais pratico em Portugal, ultrapassado apenas pelo futebol: há 20 mil associados distribuídos por 750 clubes. A história das corridas de pombos em Portugal foi marcada pela organização de três Campeonatos do Mundo, três Campeonatos Latino Americanos e um Campeonato da Europa entre 1997 e 1999.