Os voos entre Díli e Singapura, operados pela Air Timor, terminam no dia 30 de março depois da Singapore Airlines ter recusado renovar o contrato de charter para a ligação aérea, disse à Lusa fonte oficial da empresa.

“Lamentamos esta decisão. Não podemos continuar estes voos. O último voo será no dia 30 de março”, confirmou à Lusa o diretor da Air Timor, Syed Abdul Rahman, que operava a ligação através de aviões contratados à SilkAir, subsidiária da Singapore Airlines.

O fecho de operações afeta não só o transporte de passageiros, mas algum importante transporte de carga, com produtos farmacêuticos, peças para automóveis e aviação e carga geral a ser transportada, normalmente, nos voos de Singapura para a capital timorense.

Várias empresas, incluindo a Heineken — a única fábrica internacional do país — escreveram já ao governo a solicitar uma intervenção para evitar que a rota cesse de operar, segundo cartas vistas pela Lusa.

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Oficialmente, a Singapore Airlines justifica a decisão de não renovar o contrato, que termina a 31 de março, devido a um processo de “reintegração” da SilkAir na empresa mãe e à expansão dos serviços regulares na sua própria rede.

A decisão surge, porém, depois de um longo processo de incerteza, que se arrastava desde o final do ano passado, sobre o próprio estatuto da Air Timor, com indecisão sobre a licença atribuída à empresa pelo Serviço de Verificação Empresarial (SERVE).

“Estivemos a construir estas operações durante 10 anos. E agora temos que fechar este voo”, disse Syed Abdul Rahman, manifestando tristeza pelo fim da ligação com Singapura.

Queremos manter a Air Timor a operar e estamos a estudar soluções alternativas, talvez para outras rotas. Esse processo, no mínimo, vai demorar entre três e seis meses”, explicou.

A decisão da Singapore Airlines foi comunicada depois de um longo processo de incerteza, que se arrastava desde o final do ano passado e que tinha já suscitado questões sobre a manutenção ou não dos voos devido à postura de algumas entidades timorenses.

No final do ano, a Singapore Airlines confirmou à Air Timor a intenção de renovar o contrato de charter durante mais um ano, pretendendo apenas rever o seu valor, mas a decisão final da SERVE sobre atribuição de nova licença à Air Timor só foi anunciada em fevereiro.

Isso acabou por “condicionar” a decisão final da Singapore Airlines, admitem fontes conhecedoras do processo.

Em janeiro, o diretor do SERVE, Florêncio Sanches, tinha questionado a legalidade da operação dos voos entre Díli e Singapura, tendo na altura a responsável do regulador da aviação civil timorense garantido hoje que as autorizações dadas à Air Timor para operar, com voos ‘charter’, na ligação entre Díli e Singapura seriam renovadas “normalmente” se todos os regulamentos da autoridade forem cumpridos.

“Há regulamentos e se a Air Timor apresentar os documentos necessários como até aqui, a autorização será renovada normalmente”, disse à Lusa Rosália Ximenes Varela presidente do Conselho de Administração da Autoridade de Aviação Civil de Timor-Leste. (AACTL).

“Esta é uma competência da AACTL. A Aviação Civil dá autorização para operação de voo. A Aviação Civil não tem nada a ver com outras questões. Se há questões entre a empresa e outras instituições não é da nossa competência“, frisou.

Esta terça-feira, Florêncio Sanches confirmou à Lusa que a licença da Air Timor tinha sido “renovada por mais um ano”, explicando que ainda falta clarificar, porém, “algumas questões relacionadas com a composição acionista” da empresa, que sofreu alterações.