O 500 dispensa apresentações. É um nome que, se não suplanta a marca, pelo menos equivale-a. E a prova disso é que o pequeno modelo da Fiat conseguiu, no seu 11º ano de existência, a proeza de alcançar em 2018 o seu melhor registo anual de sempre, com perto de 194.000 unidades matriculadas na Europa (somatório Fiat 500 e Abarth 500). Mais, o citadino transalpino teve o ano passado a sua melhor quota de sempre (15%). E não é preciso olhar sequer para o mercado italiano para perceber o “peso” do 500 nas vendas da Fiat: basta ver que em Portugal, por exemplo, um em cada cinco veículos vendidos no segmento, em 2018, foram Fiat 500, com 3.400 novas matrículas a fazerem dele o líder do segmento A (quota de 19%).

Se a longevidade e os números do 500 o poderiam elevar ao estatuto de case study, a verdade é que a marca está disposta a deixar para trás o passado no 500 do futuro. Foi o próprio CEO da FCA, Mike Manley, quem prometeu para a próxima edição do Salão de Genebra a revelação da nova geração do compacto. A surpresa é que, sabe-se agora, o novo 500 vai banir por completo os motores a combustão interna, apresentando-se única e exclusivamente como eléctrico a bateria.

A revelação foi feita à britânica AutoExpress pelo director de Marketing da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Olivier François. Segundo o executivo, a ideia é converter o 500 num “Tesla urbano”. Ou seja, apontá-lo a um posicionamento mais premium, mantendo o típico estilo italiano, mas sobre uma nova arquitectura.

Haverá uma nova plataforma, projectada especificamente para electrificação, e isso tornará o carro radicalmente diferente. Ainda será um 500, com proporções iguais, mas não é o mesmo carro. Será o 500 do futuro”, antecipa o executivo da FCA.

A decisão de equipar o novo 500 apenas com motorização eléctrica poderá ser algo arriscada. É um facto que vários estudos antecipam uma crescente adesão aos EV, porém nada que ameace a hegemonia dos motores a gasolina e diesel. Só daqui a 20 anos, conforme antecipa a KPMG, os eléctricos vão ter uma quota à volta de 30% do mercado. E em 2040, ainda de acordo com a mesma fonte, metade dos automóveis vão continuar a ser locomovidos por motores a gasolina ou diesel (incluindo híbridos). Daí que apostar num novo 500 “só” eléctrico possa alienar um brutal número de clientes.

Olivier François desdramatiza, dizendo acreditar que o icónico modelo tem um apelo “forte o suficiente” para não perder clientes. Resta esperar para ver como é que esses clientes vão reagir também ao expectável aumento do preço. François nada adiantou a este respeito, mas se o 500 vai perseguir um posicionamento premium, virá certamente com um preço a condizer. Afinal de contas, é o próprio director de Marketing quem afirma que o novo 500 vai estar nos antípodas do Centoventi – apresentado como o protótipo de um eléctrico barato.

Certo é que quem quiser comprar um 500, sem ser eléctrico, não terá oferta na nova geração. A actual é que vai continuar a ser comercializada com uma gama de motores a gasolina…

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