Uma petição que apela ao fim do Brexit através da revogação do Artigo 50º está a ter tanta afluência que o site do Parlamento Britânico deixou de funcionar momentaneamente. Ao todo, já mais de 1 milhão de pessoas assinaram esta petição, que pede ao Governo britânico o fim do processo de saída do Reino Unido da União Europeia.
A petição começou a ter uma grande adesão esta quarta-feira, no mesmo dia em que se soube que Theresa May pediu a Bruxelas o adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia. Como já ultrapassou as 100 mil assinaturas, terá de ser debatida no Parlamento Britânico.
A petição, intitulada de “Revoke Article 50 and remain in the EU” (em português, “Revogar o Artigo 50º e permanecer na União Europeia”), foi criada por Margaret Anne Geogiadou. A responsável disse à BBC que começou esta campanha porque sentia que não estava a ser ouvida. “Tornei-me, tal como todos os apoiantes da manutenção do Reino Unido da União Europeia, muito frustrada por estar a ser silenciada e ignorada durante tanto tempo”, explicou.
A criadora da petição disse ainda que durante uma semana a petição “não estava a ir muito bem” e que quase desistiu da ideia. “Mas depois entrei em contacto com muitas pessoas e aquilo descolou”, acrescentou Margaret Anne Geogiadou.
“O governo afirma repetidamente que sair da UE é a ‘vontade do povo’. Temos de acabar com esta afirmação demonstrando a força do apoio público atual para permanecer na UE”, indica o texto da petição, que apela ao voto assinalando que um segundo referendo “poderá nunca ser organizado”. Ao The Guardian, um porta-voz do Parlamento britânico explicou que “o site da petição está com problemas técnicos”. “Estamos a trabalhar para o conseguir recuperar o mais rápido possível. Tudo isto foi causado por uma sobrecarga do sistema”, acrescentou.
Entre os signatários da petição, que pode ser assinada por cidadãos britânicos e residentes no Reino Unido, encontra-se o ator Hugh Grant. “Eu assinei, como qualquer pessoa sensata neste país. Emergência nacional”, escreveu Grant no Twitter.
I’ve signed. And it looks like every sane person in the country is signing too. National emergency. Revoke Article 50 and remain in the EU. – Petitions https://t.co/tPgkaz1soi
— Hugh Grant (@HackedOffHugh) March 20, 2019
O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jeremy Hunt, reconheceu esta quinta-feira que cancelar o Brexit é uma possibilidade se a Câmara dos Comuns não aprovar na próxima semana o acordo da primeira-ministra, Theresa May, embora a considerasse altamente improvável. May encontra-se em Bruxelas para tentar convencer os 27 a concederem ao país um adiamento do Brexit até 30 de junho, que a UE faz depender da aprovação do acordo no parlamento britânico.
União Europeia prepara-se para rejeitar proposta de adiamento
A Agência France-Presse, que citou “fontes diplomáticas” avançou esta quinta-feira que os Estados-membros da União Europeia preparam-se para rejeitar a data proposta pela ministra-britânica para o adiamento do Brexit na cimeira que se realiza em Bruxelas.
Os representantes de cada Estado-membro reuniram informalmente na quarta-feira à noite, umas horas após Theresa May ter enviado uma carta para Bruxelas a pedir o adiamento do prazo da saída do Reino Unido da União Europeia. “A questão da data será um decisão dos chefes de Estado”, referiu umas das fontes diplomáticas à AFP, acrescentando que a “orientação” que está em cima da mesa é a de recusar a data de 30 de junho e recuar para 22 de maio, véspera das primeiras votações para as europeias – que decorrerão entre 23 e 26 de maio.
May escreve carta a pedir adiamento do Brexit até 30 de junho