Roberto Marrero, o chefe de gabinete do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e o vice-presidente da Comissão de Defesa e deputado, Sergio Vergara, terão sido abordados por agentes da secreta venezuelana, nas suas casas em Caracas, avança a Reuters. Segundo testemunhos de vários políticos nas redes sociais, os dois foram abordados na Urbanização Los Naranjos, em Las Mercedes, durante a madrugada.

O advogado Roberto Marrero foi mesmo detido e levado por agentes dos serviços de informação, disse aos joralistas o parlamentar Sergio Vergara, cuja residência fica nas proximidades e que também foi alvo de buscas. “Sequestraram Roberto Marrero, chefe do meu escritório (…). A operação começou às 02:00 horas aproximadamente. Nós não sabemos do seu paradeiro. Ele deve ser libertado imediatamente”, escreveu por seu lado Juan Guaidó, numa mensagem publicada na rede social Twitter. Marrero e Vergara acompanharam Guaidó numa viagem recente a países da América Latina para aumentar o apoio internacional aos seus esforços para remover Maduro da Presidência venezuelana.

Vergara, que não chegou a ser levado pelas forças policiais, já veio, entretanto, confirmar a abordagem na sua própria casa, numa ação que considera uma “violação dos direitos constitucionais e da imunidade parlamentar” de que goza. Em dois vídeos publicados na rede social Twitter, cerca de sete horas, depois de 15 homens encapuzados lhe terem entrado em casa, o deputado conta que entraram armados, que foram agressivos e que pergunatram onde vivia Robert Marrero. Mandaram sair todos os ocupantes da casa e mantiveram-no ali. Quando lhes dizia que estavam em clara violação d direitos, respondiam que estavam apenas a cumprir ordens.

Vergara ainda vou os agentes a trazerem o seu motorista para casa, mantendo-o também “sequestrado”. Depois bateram à porta da casa de Marrero, uns metros à frente. O responsável confirmou a detenção e disse que não pôde gravar nem recolher provas porque naquele momento não tinha telemóvel, mas que até com uma granada o ameaçaram. Na rede social Twiteterr apontou o dedo ao “tribunal do terrorismo”, a cargo do “juiz Parol Padilla e dos fiscais Farik Mora e Dinorah Bustamante”.

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Robert Marrero ainda gravou uma mensagem de voz de apenas 11 segundos, que enviou por Whatsapp, em que diz a polícia está a chegar à sua casa e de Vergara a meio da madrugada. A gravação termina rapidamente.

Antes destas declarações, a informação tinha sido avançada pelo próprio Guaidó, que via rede social Twitter anunciou que desde cerca das 2h00 (6h00 em Lisboa) desta quinta-feira que os agente do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) estão na casa de Sergio Vergara e do advogado Roberto Marrero.

Ambos integraram a comitiva de Juan Gaidó em vários países da América Latina.

O deputado Williams Dávila publicou um vídeo, também no Twitter, onde descreve a entrada dos agentes na casa dos apoiantes de Juan Guaidó. Numa primeira publicação, o deputado referia que estava a haver uma operação policial  no local onde vivia o chefe de gabinete do presidente interino. Logo de seguida, publicou um vídeo a descrever o que se estava a passar.

Diz que, pelo menos, desde as 3h30 que estão agentes da secreta no interior da casa. Que à porta estão homens armados que não o deixam passar e que o ameaçam deter caso desobedeça. “O mundo devia saber que a esta altura da noite, a tirania de Nicolas Maduro está a atuar de maneira cobarde e miserável”, refere.

Os Estados Unidos e cerca de 50 países da comunidade internacional, incluindo Portugal, reconheceram o opositor e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela, negando a legitimidade do governo liderado pelo Presidente Nicolás Maduro.

Na Venezuela, a confrontação entre as duas fações tem tido repercussões políticas, económicas e humanitárias.

No país residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo se situa nos 3,4 milhões.

Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.