A ex-Ministra do Tesouro, que tinha cessado funções como forma de protesto contra a manipulação do Governo em relação a um escândalo de corrupção, disse que havia muito mais a dizer sobre o alegado escândalo de corrupção no qual Trudeau estará envolvido. A afirmação coloca o primeiro-ministro ainda mais entre a espada e a parede. Tal como relembra o The Guardian, Justin Trudeau nega, desde fevereiro, que a administração do governo tenha estado envolvida num escândalo de corrupção relacionado com as autoridades da Líbia. Mas Jane Philpott diz que “há muito mais na história que deve ser contada”, que os canadianos “mereciam a verdade” e afirma ainda que Wilson-Raubould, ex-Ministra da Defesa, também tem algo a dizer. Philpott era uma aliada política próxima de Trudeau.

O primeiro-ministro rejeitou os pedidos para uma investigação pública e salientou o facto de a comissão de justiça da Câmara dos Comuns já estar a averiguar o caso. Mas esse comité, liderado por investigadores liberais, encerrou na terça-feira, sem conclusões e com a certeza de que não era preciso mais ação em torno do alegado crime de corrupção.

O escândalo que pode custar o cargo de primeiro-ministro de Justin Trudeau

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Tudo aponta para que o primeiro-ministro esteja a manter o silêncio para proteger a SNC-Lavalin, uma empresa de construção, também alegadamente envolvida no escândalo. Até porque a desconfiança do presidente pode ameaçar a hipótese de reeleição do liberal Trudeu nas eleições de outubro, e abrir espaço para que os conservadores ganhem terreno.

O cerco apertou ainda mais quando, na quinta-feira, Neil Bruce, da SNC-Lavalin negou ter dito às autoridades do governo que 9 mil empregados podiam estar em risco se a empresa fosse considerada culpada por subornar as autoridades da Líbia. Trudeu já tinha falado sobre a possível perda de 9 mil trabalhos como motivo para ajudar a empresa, que ia supostamente aproveitar uma nova legislação para pagar uma multa em vez de ser processada.

Bruce disse ainda que era “muito difícil aumentar a força de trabalho canadiano”. Se a SNC-Lavadin fosse condenada, ficaria impedida de fazer contratos com o Estado canadiano por cerca de 10 anos. O empresário descartou os rumores sobre a possibilidade de a SNC-Lavadin se poder mudar para o estrangeiro. A sede da empresa fica na província do Quebec, local onde os liberais dizem precisar de mais lugares para manter o governo maioritário.