Na passada sexta-feira, quando Portugal empatou com a Ucrânia na estreia no apuramento para o Campeonato da Europa 2020, os números eram claros e descansavam a grande maioria dos portugueses: depois de um resultado menos positivo no arranque de uma qualificação, a Seleção Nacional respondia normalmente com uma vitória no encontro seguinte. Esta segunda-feira, contra a Sérvia de Tadic, Portugal precisava dos três pontos não só para agarrar um lugar junto ao topo do Grupo B mas também para descansar até setembro, altura da próxima dupla jornada do apuramento.

Tudo falhou. Desde a história, que não acertou na bonança depois da tempestade; aos jogadores portugueses, a quem faltou acerto no remate ou no passe decisivos; até à teoria, que não acertou na ideia de que a Seleção Nacional era superior à Sérvia. Portugal voltou a empatar, desta vez com um golo para cada lado, e terminou os dois primeiros jogos da qualificação para o Campeonato da Europa 2020 sem vitórias: algo que não acontecia desde o apuramento para o Euro 2012. Aliás, esta foi já a sexta vez que a seleção portuguesa terminou a dupla jornada inicial de um apuramento sem ganhar e, nessas seis ocasiões, só garantiu a presença na respetiva fase final uma vez (precisamente em 2012).

Contas feitas, e tendo em conta que a Ucrânia foi a Luxemburgo vencer (1-2), os ucranianos estão no primeiro lugar do Grupo B, com quatro pontos. A seleção luxemburguesa segue no segundo posto, com três pontos, e Portugal está em terceiro com dois pontos conquistados — mas com mais um jogo do que a Sérvia e a Lituânia. Quer isto dizer que a seleção portuguesa tem uma margem praticamente nula até ao final do apuramento mas tudo isto tem uma ressalva importante: aconteça o que acontecer e mesmo que não consiga o apuramento direto através da fase regular, Portugal está automaticamente apurado para o playoff de acesso ao Euro por ter ficado no primeiro lugar no grupo da Liga das Nações.

Ainda assim, a verdade é que Fernando Santos alcançou o pior registo desde que é selecionador nacional — quatro jogos sem ganhar –, numa série sem vitórias que não acontecia desde 2012/13, quando era Paulo Bento o líder da Seleção. Na flash interview já após o final do jogo, Fernando Santos reconheceu que “a situação não é favorável” mas lembrou que a equipa “tem qualidade, raça e crer”. “É normal não ser totalmente esclarecido, até pelo cansaço. Nesta fase final sentiu-se isso mesmo. Tentei pedir calma e para a equipa se encontrar, para continuar a pressão, mas estávamos sujeitos às saídas conforme se viu. Ainda assim, encurralámos a Sérvia lá atrás, mas não marcámos”, explicou o selecionador nacional, que garantiu ainda que Portugal vai “chegar e lutar para vencer” nos seis encontros que restam no apuramento e continuar “com o mesmo espírito e trabalho”.

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Fernando Santos comentou ainda o lance do minuto 73, quando o árbitro Szymon Marciniak assinalou grande penalidade por mão na bola do sérvio Rukavina após um cabeceamento de André Silva mas acabou por voltar atrás após consultar o fiscal. Na flash interview, o selecionador nacional revelou que Marciniak o convidou para ir à cabine rever a jogada e acabou por pedir desculpa ao treinador português. “Convidou-me a ir à cabine para analisar o lance. Vimos e não tivemos dúvidas. Nem eu, nem ele. Depois pediu desculpa pelo penálti, que não tinha dúvidas. Mas a desculpa não me serve de nada. Disse que não foi culpa dele. Ele marcou penálti…mas ninguém a 40 metros pode dar a indicação de algo que não é, especialmente quando o árbitro vê. O que vou fazer com a desculpa? Estava lá o assistente e eu disse que a culpa era dele”, afirmou Fernando Santos, que defendeu ainda que “temos de ter VAR em todos os jogos”.

Também Cristiano Ronaldo, que saiu durante a primeira parte devido a lesão e não escondeu a revolta junto à linha técnica quando a decisão sobre o penálti foi revertida, defendeu que a grande penalidade era “claríssima mas o árbitro não deu ou não viu”. “O árbitro devia ter dado penálti. Tive a oportunidade de falar com ele no túnel e assumiu o erro, mas o fiscal está a 40 metros e toma a decisão pelo árbitro…por amor de Deus”, disse o capitão da Seleção Nacional, que ressalvou ainda que não está “preocupado” com a lesão que o obrigou a ser substituído ainda no primeiro tempo. “Conheço o meu corpo. Acontece, é futebol, quem anda à chuva, molha-se. Estou tranquilo porque sei que volto bem daqui a uma, duas semanas”, disse o avançado da Juventus.