A primeira-ministra britânica, Theresa May, reuniu esta manhã o governo para delinear uma estratégia para o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), e esta tarde deverá fazer uma intervenção no parlamento.

Theresa May deverá atualizar os deputados pelas 15h30 (mesma hora em Lisboa) sobre o resultado do Conselho Europeu da semana passada em Bruxelas, quando os líderes europeus concordaram com uma prorrogação da data de saída até 12 de abril.

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Antes, está previsto um encontro bilateral com o líder do ‘Labour’ Jeremy Corbyn, que na semana passada recusou participar numa reunião com os restantes partidos da oposição devido à presença do independente e dissidente trabalhista Chuka Umunna.

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Os deputados britânicos vão votar esta segunda-feia pelas 22h00 os próximos passos sobre o processo do ‘Brexit’, na sequência do chumbo no parlamento a 12 de março, pela segunda vez, do Acordo de Saída negociado pelo governo com Bruxelas.

Um grupo de deputados representantes de diferentes partidos, incluindo o Conservador e o Trabalhista, apresentaram uma proposta para o parlamento realizar uma série dos chamados “votos indicativos” para perceber se uma maioria dos deputados consegue concordar em alguma das diferentes opções para o ‘Brexit’.

No domingo à tarde, Theresa May convidou colegas do partido Conservador pró-Brexit e opositores do acordo “sobre uma série de questões, incluindo se há apoio suficiente na Câmara dos Comuns para realizar de novo um ‘voto significativo’ esta semana”.

Inicialmente, o governo tinha previsto submeter o Acordo de Saída negociado com Bruxelas uma terceira vez ao parlamento, mas disse que só o fará quando estiver seguro de que tem o apoio necessário.

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Teoricamente, May precisa de mais 75 deputados do seu lado, tendo em conta que a 12 de março o acordo foi chumbado por uma diferença de 149 votos, mas não é certo que todos os deputados votem da mesma maneira que há duas semanas atrás.

O governo necessita que o documento seja aprovado no parlamento para poder ratificar o acordo e também para garantir um adiamento mais prolongado da data de saída até 22 de maio proposto pelo Conselho Europeu.

Presente no encontro de domingo estava um grupo de eurocéticos, incluindo Boris Johnson, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros que se demitiu em divergência com o plano do governo, bem como os antigos ministros para o ‘Brexit’, David Davis e Dominic Raab, Jacob Rees Mogg, Steve Baker e Iain Duncan Smith.

Embora não tenham sido anunciados resultados, Boris Johnson mostrou-se insatisfeito com May, alegando, numa coluna de opinião publicada esta segunda-feira no Daily Telegraph, que a primeira-ministra adiou a saída prevista para sexta-feira porque “se acovardou” e sugerindo que a demissão pode ser uma solução.

Se ela realmente quer que o seu acordo passe no Parlamento, a primeira-ministra ainda pode apresentar provas convincentes de como a próxima fase das negociações – quando todas as questões-chave vão ser resolvidas – será diferente da primeira”, escreveu, questionando se será possível “continuar com uma equipa de negociação que fracassou tão profundamente”.

Do lado de May no encontro de domingo estava o líder da bancada parlamentar Brandon Lewis, o ministro para o Brexit, Steve Barclay, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, o ministro do Ambiente, Michael Gove, e o ministro do Gabinete, David Lidington.

Estes dois últimos foram nomeados pela imprensa britânica no domingo como potenciais sucessores à frente do governo devido à pressão de ministros para Theresa May se demitir, mas ambos negaram o envolvimento em quaisquer planos.

Esta segunda-feira, o tabloide The Sun juntou a voz ao The Times, que no sábado escreveu em editorial que May “deve demitir-se para permitir que um primeiro-ministro interino navegue o país para águas mais seguras” se não conseguir aprovar o acordo.

O The Sun, até agora defensor da estratégia da primeira-ministra, defende que “May deve anunciar hoje [segunda-feira, 25] que deixará o cargo assim que o seu acordo para o ‘Brexit’ for aprovado e o Reino Unido estiver fora da UE”.