A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) ajudou 941 crianças em 2018, em média três por dia, que representam uma em cada dez pessoas nas mais de 9.300 vítimas de crimes que recorreram à associação.

As 941 crianças ajudadas representam 10% das 9.344 vítimas que, no total, a APAV apoiou no ano passado, o que significa que uma em cada dez pessoas que recorreram à associação eram crianças, indicam dados estatísticos da associação relativos a 2018 a que a agência Lusa teve acesso.

A maioria das crianças (66,7%) são meninas, têm em média 11 anos, vivem numa família nuclear com filhos (34,8%), e são estudantes (80,2%).

Especificamente em relação aos crimes sexuais contra menores, a APAV registou 348 abusos sexuais de crianças, 15 de abusos sexuais de menores dependentes e 31 de pornografia de menores, havendo também 165 casos de violação de crianças ou adultos.

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Estes são alguns dos crimes sexuais que se incluem num grupo mais abrangente de crimes contra as pessoas e que representa 96% do total de crimes e outras formas de violência assinalados à APAV.

Dentro destes, o que mais se destaca é o crime de violência doméstica, com 15.964 casos (77,5%), tendo havido 6.928 pessoas que precisaram da ajuda da APAV, sobretudo mulheres (86,3%).

O perfil da vítima de violência doméstica é de uma pessoa com uma idade média de 43 anos, solteira em 21,7% dos casos, casada noutros 32,3%, em 37,7% dos casos vive numa família nuclear com filhos, tem qualificações ao nível do ensino superior (9,2%) ou do ensino secundário (6%), está empregada (35,2%) e em quase um em cada três casos o agressor é o marido, proporção que aumenta para 57,7% quando incluídos companheiros e ex-namorados.

Olhando para o perfil geral das vítimas as diferenças não são muitas, já que 82,5% das 9.344 vítimas são mulheres, com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos (39,8%), casadas em 27,7% dos casos, solteiras em 25,1%, vivem em famílias nucleares com filhos (32,9%), estão empregadas (32,6%) e em 23,6% dos casos os maridos são os autores do crime.

Em 76% dos casos, a vitimação é continuada e o local do crime é sobretudo (51,3%) a residência comum. Em 38% das situações não foi feita qualquer denúncia.

Para o total das 9.344 vítimas registadas, a APAV assinalou 9.665 autores de crimes.

Destes, mais de 80% eram do sexo masculino e tinham idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (21,4%). Cerca de 29,9% eram casados e dispunham de uma ocupação profissional”, refere um relatório da APAV.

Há também 772 casos (8,3%) em que a vítima é filho ou filha e outros 697 (7,5%) em que é o pai ou a mãe.

As 9.344 vítimas, e um total de 20.589 crimes e outras formas de violência, foram identificados na sequência dos 46.371 atendimentos feitos em 2018 pela APAV, o que representa um aumento de 31% face a 2017, na sequência dos quais foram abertos 11.795 novos processos e processos em acompanhamento.

As zonas do país onde houve mais vítimas apoiadas foram Lisboa (563), Cascais (299), Braga (298), Porto (291), Sintra (281) e Vila Nova de Gaia (225).