Juan Guaidó está impedido de exercer cargos políticos na Venezuela durante 15 anos por alegada corrupção. A decisão, tomada pela Controladoria Geral da República (CGR), foi anunciada esta quinta-feira. Em causa estão gastos feitos com várias viagens realizadas pelo autoproclamado presidente interino venezuelano para fora do país.

No passado dia 11 de fevereiro, a CGR “ordenou o início uma auditoria patrimonial ao deputado em desacato, Juan Guaidó, por ocultar informação na sua declaração e por receber fundos não declarados, desde o exterior”. De acordo com o controlador-geral da República, designado pela Assembleia Constituiente, Guaidó “tem usurpado funções públicas e cometido ações com governos estrangeiros que prejudicam o povo da Venezuela e o seu património público” e que atentam contra “a estabilidade democrática e a ordem constitucional da República”.

Numa conferência de imprensa em Caracas, Elvis Amoroso explicou que “o escritório encarregado dos registos migratórios da Venezuela revelou que o deputado Guaidó realizou 91 viagens ao estrangeiro” e “que não há registo dos recursos que utilizou”. Segundo Amoroso, estará por justificar uma despesa de 570 milhões de bolívares (152.760 euros), feita em oito meses durante várias viagens (248 dias, ao todo).

Segundo Amoroso, o autoproclamado presidente interino da Venezuela e também presidente da Assembleia Nacional, “teria falseado dados na declaração jurada de bens” e também “teria recebido dinheiro de instâncias nacionais e internacionais, sem justificar”. Guaidó também usado aviões privados para viajar, sem especificar quais as empresas ou instituições que financiaram essas deslocações.

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O controlador-geral precisou ainda que “cada um dos deputados cumpre com a sua declaração jurada” e que “cada viatura ou rendimento que possam ter deve ser declarado na CGR, por isso se aplicam estas sanções ao deputado em desacato”. A CGR terá contacto Guaidó no sentido de este explicar a origem os rendimentos recebidos como deputado da Assembleia Nacional, mas este não não terá respondido aos pedidos.

Esta não é a primeira vez que um opositor de Nicólas Maduro é alvo desta sanção. Henrique Capriles, que concorreu contra Maduro em duas eleições presidenciais, foi impedido de exercer cargos políticos durante o mesmo período de tempo em 2017. Capriles era então uma das figuras fortes da oposição.

A investigação começada em fevereiro irá continuar, anunciou Elvis Amoroso.

Ministério dos Negócios Estrangeiros português condena decisão da CGR

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português condenou “veementemente” a decisão tomada pela CGR esta quinta-feira. Numa mensagem divulgada através do Twitter, descreveu “esta atitude” como “um gesto de hostilidade, contribui para a escalada da polarização e tensões e mina as possibilidades de superação pacífica da crise venezuelana”.

Portugal foi um dos países que reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Artigo atualizado às 20h02