Algumas centenas de pessoas manifestaram-se, este sábado, na fronteira entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte, contestando a saída do Reino Unido da União Europeia e por temerem o regresso de controlos fronteiriços.

Respondendo ao apelo de um grupo designado de Comunidades de Fronteira contra o ‘Brexit’ os manifestantes, incluindo o antigo líder do partido nacionalista irlandês Sinn Fein, Gerry Adams, e o atual Presidente, Mary Lou McDonald, entre 200 e 300 pessoas manifestaram-se numa ponte sobre uma autoestrada que liga Dublin a Belfast.

Alguns tinham cartazes amarelos com frases como “sem fronteiras sem barreiras” e “respeitem o voto ficar”, enquanto outros vestidos de guardas fronteiriços simulavam controlos de veículos e pessoas.

“O trajeto que faço habitualmente, que agora leva uma hora, envolverá três passagens de fronteira em cada direção, ou seja seis travessias da fronteira por dia. Não consigo imaginar o que significaria, em termos de tempo”, disse Patricia McGenity, uma cientista que vive perto da fronteira, ouvida pela AFP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os habitantes da Irlanda do Norte votaram maioritariamente (56 por cento) contra a saída do Reino Unido da União Europeia no referendo de junho de 2016, que ditou o “Brexit”.

O acordo de saída negociado durante 17 meses entre o Governo britânico e Bruxelas, e que previa a saída a 29 de março, inclui, além do valor do divórcio (39 mil milhões de libras), a cláusula sobre o ‘backstop’ (o mecanismo de salvaguarda para evitar uma fronteira fixa entre as duas Irlandas), e as garantias relativas aos direitos dos cidadãos britânicos nos 27 Estados membros da UE e dos cidadãos europeus no Reino Unido.

Com o voto contra o acordo, chumbado pela terceira vez na sexta-feira pelo Parlamento britânico, o Governo tem agora até 12 de abril para propor um plano B aos dirigentes da UE e, caso não o faça, o Reino Unido abandonará o bloco europeu sem acordo e sem transição.

O próximo capítulo da saga Brexit será na segunda-feira, devendo os deputados britânicos tentar chegar a acordo sobre uma alternativa ao plano de Theresa May, depois de na quarta-feira não terem sido capazes de reunir uma maioria em torno de qualquer dos oito cenários propostos a votação.