Tiquinho Soares chegou ao FC Porto em 2017, vindo do V. Guimarães, rotulado com o preconceito habitual de ser um jogador que vinha de uma equipa inferior e de outros campeonatos. Marcou na estreia e contra o Sporting e afirmou-se enquanto opção válida para o setor ofensivo dos dragões, ombreando lado a lado com Marega, Adrián e agora Fernando Andrade. O avançado brasileiro não só é um dos mais queridos dos adeptos do FC Porto, como confirma essa predileção dentro de campo. Este sábado, contra o Sp. Braga, Soares marcou dois golos, foi o elemento constante de uma equipa que esteve a perder por duas vezes e que precisava de estabilidade emocional e terminou a partida a defender o resultado em setores mais recuados.

Com os dois golos contra os bracarenses, Soares não só se estreou a converter grandes penalidades ao serviço do FC Porto como superou Moussa Marega enquanto melhor marcador dos dragões na presente temporada (18 golos). O avançado brasileiro igualou ainda o registo goleador do maliano ao marcar o 41.º golo pelo FC Porto: a marca de Soares, contudo, acontece ao fim de 82 jogos, enquanto que Marega teve de estar presente em 90 partidas para marcar 41 golos. O brasileiro já chegou mesmo aos sete golos na segunda volta da Primeira Liga, menos um do que Seferovic e os mesmos que Bruno Fernandes, e leva já sete golos marcados ao Sp. Braga desde que se estreou frente aos minhotos, em 2015.

Depois de marcar o terceiro golo — através de uma grande penalidade que converteu, porque Alex Telles se lesionou logo após fazer o segundo do FC Porto –, Soares correu para o banco de suplentes a abraçou o lateral esquerdo dos dragões, como que a dedicar-lhe o golo da vitória. “Ele saiu machucado, não sei o que foi, mas ele merece tudo de bom e o golo foi para ele”, explicou o avançado já na flash interview após o final do jogo.

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“Este é o FC Porto, este é o espírito, há que parabenizar a equipa pelo grande jogo. Grande espírito de toda a equipa e estamos de parabéns. É difícil sair atrás no marcador contra uma equipa tão boa como o Braga, valeu o espírito de sacrifício. Estou feliz pelos golos e mais ainda pelo resultado. Não podemos entrar como entrámos, dois golos no início dos tempos, foi isso que corrigimos, é difícil reagir contra uma grande equipa, mas conseguimos sair daqui com os três pontos”, acrescentou Soares, que sobre o facto de ser agora o melhor marcador da equipa disse apenas que “é sempre bom fazer golos mas além de golos” deixa o “sacrifício dentro de campo”.

Já Sérgio Conceição, que no final da partida ainda discutiu com adeptos do Sp. Braga que estavam junto ao banco de suplentes e celebrou a vitória de forma efusiva, a bater com a mão no emblema do FC Porto que tem no casaco, reconheceu que a equipa “entrou mal no jogo nas duas partes”. “Isto tem a ver com estas duas semanas, só tivemos nove jogadores durante grande parte do tempo, a maior parte não estava cá, alguns chegaram há dois dias. Juntar a equipa, focá-los e passar a mensagem de que todos os jogos são decisivos. Eu percebo alguma intranquilidade, mas esta vontade dos adeptos de ganhar sempre não é menor do que a nossa. Senti alguns adeptos a não apoiarem e a criticarem. É importante estarem todos juntos, o meu festejo para os adeptos foi para o lado contrário ao das claques do FC Porto, que festejaram do primeiro ao último minuto”, explicou o técnico dos dragões, numa espécie de recado deixado aos adeptos da equipa.