A associação ambientalista Quercus vai este sábado a votos num clima de guerra aberta, com alguns associados a acusarem a direção de intimidação e gestão danosa e o atual presidente a refutar e a acusá-los de agirem “por vingança”.

O presidente da direção cessante, João Branco, candidata-se na lista A na posição de tesoureiro, com o atual tesoureiro, Paulo do Carmo, candidato a presidente da direção, e a lista B é encabeçada por Marta Leandro, contando com o atual presidente do conselho fiscal, João Paulo Pedrosa, protagonistas de trocas de acusações.

Do lado da lista B, que pediu o adiamento da assembleia-geral de sábado por várias “irregularidades de extrema gravidade”, como a falta de documentos, acusa-se a atual direção de gestão danosa, intimidação de sócios, transferências de dinheiro sem justificação e sem deliberação em ata e outras práticas.

Em declarações à Lusa, Marta Leandro falou de “pessoas ameaçadas e intimidadas” desde que a lista B se constituiu, de salários em atraso e transferências de dinheiro para entidades como a Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente, processos judiciais movidos por João Branco a associados com os quais não concorda, “pagos com dinheiro da Quercus”.

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Marta Leandro acusa ainda João Branco de querer envolver a associação em “projetos megalómanos com derrapagens orçamentais sucessivas”, contra um património de “30 anos a conter projetos de especulação turística em áreas protegidas”.

Quanto a Paulo do Carmo, afirma não lhe reconhecer currículo quer como gestor quer como ambientalista, referindo que, enquanto autarca, desanexou uma quantidade significativa de território do concelho de Grândola da reserva ecológica nacional.

A lista B afirma que a assembleia geral deste sábado se realiza sem estarem disponíveis os documentos para se poder discutir e votar as contas de 2018 e 2019, que o voto por correspondência carece de transparência e que o Conselho Fiscal presidido por João Paulo Pedrosa foi impedido de apreciar as contas do ano passado.

Este opositores à atual direção afirmam ainda que a direção de João Branco fez num ano duplicar o passivo financeiro da associação de 700 mil para 1,4 milhões de euros e que manipula as votações nas assembleias de sócios.

Contactado pela Lusa, João Branco afirmou que “é tudo falso” e “completamente absurdo”, acusando João Paulo Pedrosa de instigar outros sócios contra a direção “por vingança”.

Em causa, afirma João Branco, estará o facto de a direção da Quercus ter pedido a Pedrosa que pagasse “dez anos de rendas” devidas à associação pela ocupação de um terreno, o que o candidato da lista B refuta, afirmando que ocupou o terreno “entre 1993 e 2000” e que não deve nada à Quercus.

Sobre as acusações de gestão danosa, João Branco contrapôs que o passivo aumentou, mas cresceu também o ativo, com “um saldo positivo de 165 mil euros”.

O ainda presidente da Quercus garante que todas as contas da associação têm “justificação e conferência bancária” e nega qualquer intimidação ou manipulação de votos, acrescentando que todos os processos judiciais em curso foram “decididos na direção nacional e escritos nas atas”.

“Essas pessoas divulgam esses boatos para me difamar”, declarou, acrescentando que “as eleições é que podem clarificar” a situação na associação.

A assembleia-geral da Quercus decorre a partir das 14h00 na Escola Superior Agrária de Coimbra.